Bird Box Redux


(Por: Mariano Andrade)

Uma das apostas recentes da Netflix é a produção Bird Box. O filme mostra um grupo de pessoas tentando sobreviver a um ente maligno que – por conta de sua extrema beleza – aciona um instinto suicida instantâneo naqueles que o miram diretamente.

A protagonista do filme é Sandra Bullock que, após uma sequência de eventos, empreende uma viagem de bote por um rio caudaloso com duas crianças. O objetivo é tentar chegar a um suposto refúgio ou santuário que o tal ente não consegue atingir. Detalhe: toda a viagem deve ser feita com os olhos vendados.



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A esquerda adora politizar tudo: canção de roda, jogo infantil, salário de jogador de futebol, e por aí vai. Que tal imaginarmos uma metáfora-politização, só que de direita, de Bird Box?

Atenção: o texto contém spoilers e é contra-indicado para “artistas” e “intelectuais”.

Na verdade, o filme é passado no Brasil e o "inimigo" invisível é o virtuosismo do capitalismo. Aqueles que olham para ele e vêem como a vida poderia ser melhor hoje se os últimos 16 anos não tivessem sido desperdiçados, sentem uma compulsão incontrolável de se matar por desgosto.

A maioria da população, no entanto, agarrada às “conquistas sociais” e às suas vendas, prefere não enxergar. Luta para sobreviver, não importa em que condições e por quanto tempo. Melhor viver no escuro.

No filme, alguns indivíduos conseguem encarar a assombração sem que o instinto mortal lhes acometa. Ao contrário, percebem que uma mudança para melhor é possível e tentam fazer com que os demais larguem suas vendas e vejam o mérito da mudança. São os eleitores que tentam converter petistas, psolistas ou qualquer boçal que se recuse a ver que o socialismo nunca funcionou.

Na chamada do filme, Sandra Bullock aparece dando instruções para as duas crianças em tom militar: “façam isso”, “façam aquilo”, “sob hipótese alguma tirem suas vendas, senão vou machucá-los”. É a perfeita líder populista instruindo sua massa de manobra, destilando intolerância e ameaçando uso de força física. Trecho inspirado em Coréia do Norte e Cuba.

Ao final do filme, o trio consegue miraculosamente chegar ao tal santuário. E aí vem a surpresa arrebatadora: trata-se de um lar de cegos. Bem apropriado. O abrigo de regimes populistas de esquerda é justamente a cegueira coletiva. Ou pior – a insistência em não enxergar.

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A imprensa brasileira é uma vergonha.

Nesta versão alternativa e politizada do filme, haveria personagens distribuindo vendas para os demais e tentando vilipendiar o “inimigo”. Seria uma representação fidedigna da nossa imprensa.

Exagero? Não.

Tome-se, por exemplo, a reforma da previdência. Qualquer jornalista que ostenta algum bom-senso há de concordar que o sistema de seguridade atual não se sustenta. Quando confrontados em programa ao vivo (pré-eleição) por Paulo Guedes, ficaram sem resposta à genial pergunta proposta pelo entrevistado: “vocês querem colocar seus filhos e netos num avião sem gasolina?”. Mas a imprensa não avisa que o avião está sem gasolina, ao contrário, distribui vendas para que os passageiros não possam mirar o marcador de combustível. Atuação leviana e um desserviço à sociedade.

Bastou o novo governo assumir e a imprensa já se ocupa de semear discórdia, plantar confusão e botar seu time inteiro para jogar contra. Em apenas uma semana, houve um festival de matérias tentando colocar um ministro contra o outro, fabricando fofocas e descendo ao mais baixo nível editorial. Uma jornalista até propôs um curioso tema para debate em painel de analistas: “se Sergio Moro e Paulo Guedes divergirem sobre algum tema, de que lado ficará Bolsonaro?”. Isso é jornalismo ou distribuição pública de vendas? É análogo a perguntar a uma mãe de gêmeas recém-paridas de que lado ela vai se posicionar quando suas filhas disputarem um vestido para uma balada.

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Está na hora de os brasileiros arrancarem suas vendas, pingarem colírio nos olhos e passarem a enxergar com clareza. Podem, e devem, tapar os ouvidos para as baboseiras da nossa mídia.

Temos que valorizar a economia de mercado, o protagonismo do setor privado, as liberdades individuais, a ordem na sociedade e um estado leve, eficiente e facilitador daqueles que desejam estudar e trabalhar honestamente para conquistar um futuro mais próspero. Todo o resto é detalhe, mimimi ou algo que se resolve a reboque de economia e sociedade mais funcionais.

Diferentemente do filme, ninguém precisa se matar se isso tudo der preguiça. Basta ir para a Venezuela, Cuba ou Coreia do Norte. Não se esqueça de levar sua venda.


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