Comissão Uórren


(Por: Mariano Andrade)


Quem matou Marielle? Eis a pergunta que não cala há 10 meses. Está (ilegalmente) pichada nas ruas do Rio de Janeiro e semanalmente nos jornais, quando não diariamente.

**

Quem matou JFK? Nos livros de História, o culpado é Lee Harvey Oswald – mas provavelmente é uma lorota do quilate de “Cabral pegou uma calmaria e, sem querer, chegou ao Brasil”.

O mundo vivia sob a Guerra Fria. Lee Harvey era um ex-soldado americano que havia desertado para a União Soviética para, mais tarde, voltar aos Estados Unidos. Suspeito, não? Pois é, Lee Harvey tocou o horror depois de seu retorno – tentou assassinar um general americano anticomunista, fez campanha e organizou grupos pró-Fidel em Nova Orleans e tentou visitar Havana.


Menos de uma hora após o assassinato de Kennedy, Lee Harvey foi preso – matou um policial – e rapidamente concluiu-se que ele cabia na descrição do suspeito de atirar no presidente. No melhor estilo “queima de arquivo”, Lee Harvey foi assassinado (dentro da delegacia de polícia onde era mantido em custódia!) pelo gangster Jack Ruby, tudo isso apenas dois dias depois de ter sido detido. Jack Ruby, por sua vez, foi preso e morreu na cela um mês depois, enquanto aguardava sua apelação. Quanto azar!


**


Só “isso tudo” já bastaria para “quem matou JFK?” ser um dos maiores segredos da História americana moderna. Sim, há grande chance de Lee Harvey ter sido um dos envolvidos, ou mesmo o autor do disparo. Mas será que ele foi capaz de organizar tudo sozinho? Não houve um mandante?


Uma das comissões que investigou o assassinato de Kennedy foi a chamada Warren Commission. O grupo reconstruiu a trajetória de Lee Oswald e estudou minuciosamente uma filmagem de 8mm feita por um cidadão que acompanhava a carreata de Kennedy e que foi disponibilizada às autoridades.


Uma das conclusões da Warren Commission foi a single-bullet theory. Por meio de argumentação tortuosa, sugerindo improváveis desvios de trajetória balística e torturando as leis da física e o bom-senso, a comissão sustentou que uma única bala atingiu Kennedy e o governador do Texas que também estava no veículo. Supostamente, a “bala mágica”, como foi apelidada pela opinião pública à época, entrou pelas costas do presidente, saiu pela sua garganta e atingiu o governador. Uma bala, um único atirador, o trabalho de um único pirado psicopata. Calem-se conspiracionistas!

A Warren Commission nada elucidou. Ao contrário, só mostrou que “havia fumaça” no atentado a Kennedy e, “onde há fumaça, há fogo”. Por isso que, passados mais de 50 anos, JFK ainda é a pergunta que não quer calar e um frequente bordão na cultura popular.

**


O esfaqueador de Bolsonaro, Adélio Bispo, também agiu sozinho segundo a Polícia Federal. Yes, nós temos Comissão Uórren!





Há vídeos mostrando uma moça entregando a faca a Adélio. Um cúmplice visitou o Congresso Federal no dia do atentado apresentando os documentos de Adélio e registrando-se como tal. Adélio, apesar de estar desempregado, estava hospedado longe de casa havia dias, detinha vários celulares e chips além de um laptop, e – prontamente após sua prisão – já contava com advogados caros e requisitados.


E tem mais. Duas pessoas que estavam na mesma pensão que Adélio em Juiz de Fora morreram misteriosamente pouco depois do atentado. Houve tentativa frustrada de uma volumosa operação de câmbio em dinheiro vivo (mas falso, segundo alguns relatos) em Juiz de Fora (longe de ser um centro financeiro pujante...) e, logo depois, a renúncia dos advogados de Adélio por falta de pagamento de honorários. E, agora, a OAB-MG apresenta petição para que os advogados de Adélio não precisem revelar à investigação quem pagou seus honorários.

Sim – um maluco solitário agindo por conta própria. Elementar! Qualquer idiota consegue enxergar isso! Mais uma lorota que, supostamente, devemos engolir...


Quem patrocinou Adélio? Esta é a verdadeira pergunta que não quer calar abaixo do equador.

**

A investigação do assassinato de Marielle é relevante e necessária. Independente das ideias políticas que se defenda, é inaceitável uma parlamentar ser assassinada por conta de suas posições e agendas, como se supõe. Contudo, a investigação do episódio Marielle é naturalmente muito mais difícil do que a de Adélio – motivo simples: Adélio foi capturado. Não daria para puxar o fio da meada? Filiação a partido político, álibi fabricado por outrém (leia-se: cúmplice), advogados caros de prontidão, celulares e laptop apreendidos, etc. Isso tudo não levou a nada? Nenhum outro suspeito? Adélio agiu sozinho?

Temos aqui a “faca mágica”.

**

Será que Adélio – o lobo solitário – também foi responsável pelas mortes de Celso Daniel, Toninho, Eduardo Campos e Teori Zavascki?

Comments

  1. Tem pelo menos mais 7 testemunhas do caso Celso Daniel que misteriosamente morreram, até o garçom da churrascaria onde ele foi visto pela última vez rodou. Mais duas e Lula consegue contar nos dedos! :)

    ReplyDelete

Post a Comment