E agora, José?


(Por: Mariano Andrade)

José Mayer, e agora? Depois da acusação de assédio e suspensão de suas atividades no Grupo Globo, você amargou dois anos de geladeira. De nada adiantaram suas desculpas. Agora, definitivamente, a Globo te rifou, te deu “click”, mudou o canal. Você está fora da constelação global.





É um novo dia, de um novo tempo, poderias pensar, José. Será mesmo? Será que você vai conseguir se desvencilhar do esteriótipo de galã-machão-comedor-alfa-mega? Parece uma encruzilhada, pois a Globo construiu esse molde para você, mas – se você seguir nesse script – será difícil reconquistar a simpatia do público em meio à barulhenta patrulha feminazi.


José, se você se julga “fruto de uma geração” onde o machismo era pervasivo e aceito como norma, tal qual sua declaração no irromper do infeliz episódio há dois anos, então a Globo hiperpotencializou esse fenótipo, não é mesmo? E agora, José – você dará uma guinada após tantas décadas de carreira como garanhão? Passará a aceitar apenas papéis cômicos? Ou quem sabe musicais? Ah, talvez a Dança dos Famosos como prêmio de consolação daqui a um ano se a chefia autorizar sua breve incursão na telinha global.

José, você errou, mas será que a Globo tem respaldo para te repreender, quando ela foi coadjuvante (ou protagonista?) na construção de sua imagem de macho-alfa? Pense no papel de “comedor grosseirão” que você fez em Laços de Família, ou no “tio sukita pegador de ninfetas” em Presença de Anita. Lembre-se também de Avenida Brasil, Da Cor do Pecado e de outras produções excessivamente sexualizadas que preencheram nossa telinhas e atingiram adultos, jovens e crianças. A Globo convenientemente repudia sua conduta pessoal sexualizada e machista mas esperava que você fosse a personificação disso tudo novela após novela após minissérie. Depois de tantos anos é difícil não levar o personagem para a cama, certo, José?

Pelo alcance que a Globo tem nesse Brasilzão, a empresa deveria ter muito cuidado com aquilo que coloca no ar. Mas não tem sido assim já há algum tempo, José... Duvidas? Assista então a uma amostra do contexto em que seu esteriótipo esteve inserido, José... Plim-plim...

... Como explicar folhetins com “núcleo rico”, “núcleo pobre”, “núcleo negro”, “núcleo gay”, etc? Pode haver algo mais sectário e confrontacional?

... Como justificar esta cena? https://www.youtube.com/watch?v=CfH08l_tC0A

... E mais esta, da mesma novela e do mesmo calão?  https://www.youtube.com/watch?v=OE-lkue1T0w

... E esta aqui, trazendo o ápice da trilogia a partir de 3:54 ... “Deus fez negros e brancos diferentes”, é mole, José?!?  https://www.youtube.com/watch?v=1MQpH26yZ50


... O que dizer da falta de cuidado ao expor Casagrande, cuja história de luta contra a dependência química ficou pública e que, às vezes, é deixado ir ao ar com as faculdades mentais visivelmente comprometidas. Pode isso, Arnaldo?   https://www.youtube.com/watch?v=67fc7O0uZIs


... Que tal Fátima Bernardes fazendo enquete sobre salvar primeiro o bandido ou o policial. Pode isso, Bonner?

... E, para coroar essa zorra total, um beijo gay na novelinha Malhação, aquela direcionada a crianças e a jovens entrando na puberdade. https://www.youtube.com/watch?v=pjeAaNWKSsQ  (Mas mostrar o chamado "kit gay" em entrevista no JN não pode, candidato!)


E tem mais, José! Como uma empresa do calibre da Globo pode adotar dois pesos e duas medidas? Seu xará José de Abreu, autor de grosseiras cusparadas num restaurante de São Paulo, teve direito de se explicar em cadeia nacional durante um Domingão – mas, ao contrário, ratificou a agressão e arrependeu-se tão somente de não ter tido "mais cuspe" (e, de quebra, aproveitou para fazer propaganda política, acusações etc). Você, José, desculpou-se, mas infelizmente você não é ativista de esquerda e nunca estrelou horários gratuitos do PT. Suas desculpas não foram televisadas em horário nobre dominical, caíram no vazio há dois anos atrás e lá permanecem. O outro José segue firme e forte no elenco e na militância esquerda-caviar.

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A Globo adota uma postura arriscada. Alia-se de forma flagrante ao pensamento “progressista”, fazendo apologia de agendas como ideologia de gênero, empoderamentos mil e outras que dão Ibope no curto prazo. É muito perigoso, pois o povo brasileiro pende para o tradicional e nossa pirâmide etária envelhecerá bem rápido, de forma que os “ideais” da juventude desses malditos anos petistas muito em breve se dispersarão. Ao fazer tais escolhas, a emissora distancia-se do público e coloca em jogo sua hegemonia. Parece uma hipótese distante, mas 15 anos atrás quem poderia imaginar que a Kodak quebraria?


A eleição de Jair Bolsonaro mostra que, na verdade, os brasileiros até já mudaram o canal – o país elegeu um candidato sem força no meio político-partidário, sem amigos (e com muitos inimigos) em Brasília, sem acesso a polpudas verbas de campanha ou tampouco a tempo de TV. O eleitorado disse não ao PT, ao politicamente correto e aos tais "ideais", preferindo acenar para o restabelecimento da ordem social e dos costumes tradicionais. A imprensa parece estar assistindo a um outro canal, talvez transmitido diretamente de Marte ou Júpiter, vez que segue adotando a estratégia de tentar descreditar um governo cujo poder, de fato, emana do povo.


É lamentável ver a Globo como partícipe de sectarismos, partidarismos, revanchismos e negativismos. A empresa tem padrão mundial de qualidade, conta com elenco formidável e tecnologia de ponta. A Globo foi e é vetor fundamental para garantir a unidade brasileira, divulgando as culturas regionais para todo o país. A Globo é guardiã e – de certa forma – curadora das brasilidades de norte a sul, de leste a oeste, levando-as para as telinhas e telões mundo afora e Brasil adentro. A Globo atinge lares brasileiros que – de outra forma – não teriam uma janela para o mundo.


E agora, José Roberto Marinho?



Comments

  1. e para piorar: a mulher mentiu, tinha um caso de verdade com ele....

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