Cempre serto

 (Por: Mariano Andrade)

 

"So you think your schooling is phoney, I guess it's hard not to agree (...) Right, you’re bloody well right.” (Supertramp)

"Alô, Ambev, dobra a produção aí que a gente bebe.” (Zé Neto & Cristiano)

 

O filme “Show de Truman” de 1988 mostra um big brother tamanho família. Na trama, Truman Burbank passou sua vida numa cidade cenográfica sem saber que aquelas pessoas com quem convivia eram atores. Sem realizar que era um astro da TV e protagonista de um reality show bizarro, Truman não tinha motivo para desconfiar da simpatia das pessoas e do fato de tudo funcionar na sua “vida”.

Christof, o diretor do programa, observava cada passo de Truman através de imensos telões, orientando os atores para que criassem momentos memoráveis ou para que evitassem situações constrangedoras. Quando algum assunto podia arriscar a integridade da farsa, rapidamente os atores mudavam de assunto. Christof conduzia o elenco para criar e alimentar uma fobia de aviões e barcos em Truman, de modo que ele não desejasse sair de sua “cidade”, ali era o mundo perfeito.

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Lula é como Truman. Vive num mundo fictício onde tudo é perfeito e todos concordam com ele – Gleisi, Mercadante e afins.

Lula também tem seu Christof – nos seus dois primeiros mandatos, atendia pelo nome de José. Christof comanda o show, mas Lula pensa que é o dono do poder e que as pessoas realmente gostam dele e admiram suas ideias e falas. Neste lastimável terceiro mandato, não está muito claro ainda quem é o Christof, mas há vários suspeitos óbvios.

Ao contrário do filme, nosso Truman não tem medo de avião – pelo contrário, adora viajar e se hospedar em hotéis com diárias de R$ 100 mil mundo afora, uma gastança obscena. Mas, com absoluta maestria, o(s) Christof(s) da vez fazem tudo “dar certo” para Lula, abafam qualquer crítica e assim incutem nele uma vaidade ainda mais grandiosa. No lugar de fobias, nosso Truman tem uma petulância infinita , agora misturada com toques de senilidade e, claro, do eventual goró. O elenco é instruído a preservar esse faz-de-conta sem freios. O astro falou, tem que aplaudir, se orgulhar, postar, repostar, tuitar e retuitar.

Lula está sempre certo, e isso não é de agora – só piorou. Se ele quer expulsar um jornalista americano, isso é correto e – de forma alguma – antidemocrático. Se Lula diz que no STF faltam mulheres “de grelo duro”, isso não é ofensivo ou misógino e as mulheres do STF se calam e consentem. O cast é comandado pelo diretor e o script é monotônico.

O ignorante Lula jamais procurou se aperfeiçoar em qualquer coisa (aliás, isso vale para 99% dos políticos). Nunca se preocupou em aprender outro idioma (nem mesmo o português correto) ou estudar algum assunto, apesar de pouco ter trabalhado nos últimos 40 anos. Ele já sabe tudo, nessa produção kafkiana é onisciente. Então, quando ele diz que os livros de economia estão ultrapassados, sem sequer ter lido qualquer livro de economia na vida, o elenco tem que fazer a situação funcionar. Questioná-lo ou constrangê-lo? Jamais. Se Lula argumentasse que a grafia do título deste artigo está correta, Gleisi, Genoíno, Janones e outros tantos correriam para aplaudí-lo.

Lula é tão especial que consegue plantar uma oliveira que dará uvas. Nem Jesus Cristo conseguiu essa façanha.

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No filme, há situação ridículas. Pessoas comuns tentam invadir o estúdio para alertar Truman de que sua vida é fake. Há uma cena em que um paraquedista consegue pousar na cidade cenográfica e é sumariamente recolhido pela “polícia”. Igual ao Lulashow: se alguém discorda do astro principal, rapidamente o consórcio entra em ação para lamber as botas de nosso "estadista" e ejetar o insolente que o contestou.

Essa prática, tal qual no filme, gera situações ridículas. Outras gravíssimas.

Na campanha eleitoral de 2022, Lula criticou o programa Casa Verde e Amarela do governo Bolsonaro por não deixar o povo escolher a cor das suas casas – “Por que só pode pintar de verde e amarelo?”, indagou. Afirmou ainda que era um absurdo os apartamentos não contarem com uma varanda para que os moradores pudessem soltar um pum com tranquilidade. Foi aplaudido.

Ainda em 2022, Lula disse que o Brasil poderia ajudar a evitar o conflito na Ucrânia. Nosso luminar indicou que as diferenças entre Putin e Zelensky deveriam ser resolvidas numa mesa de bar regada a cerveja “até que terminassem as garrafas”. E tome palmas do público. Dado que Lula já tem a caneta há mais de um ano e adora um holofote, poder-se-ia perguntar por que ele não botou sua “ideia” em prática? Será que acabaram as cervejas? Alô, Ambev, dobra a produção aí... Pouca gente denunciou o absurdo da fala de Lula, um desrespeito àqueles que morreram na guerra e suas famílias, e uma simplificação infantil e cretina sobre uma questão complexa e relevante.

A coisa fica pior. Bem pior.

Lula afirmou em cadeia nacional que considerava um absurdo colocar amigos na suprema corte. Indicou dois: seu advogado pessoal e seu aliado político, este último afastado da prática advocatícia há quase 20 anos. Se Dino tem notório saber jurídico num país onde as leis mudam amiúde, toda a comunidade de advogados é, por lógica, incompetente. Pouca gente reclamou, e a claque de Lula o saudou.

Como mandatário, Lula recebeu o ditador Nicolás Maduro com pompa e circunstância. Não bastasse acolher um tirano sanguinário, Lula relativizou o drama venezuelano (pobreza, desnutrição e êxodo populacional recordes) dizendo que é apenas uma “narrativa”. O elenco lulista, é claro, adorou o “discurso” e aproveitou para sair na foto com Maduro. A imprensa franziu a testa para o “deslize” de Truman, mas depois esqueceu o assunto quando novas verbas de publicidade bateram no caixa.

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E, então, eis que somos atropelados pelo ápice da ignorância, burrice e prepotência.

Mais recentemente, nosso astro-mor afirmou que as ações militares de Israel em Gaza, em resposta ao ataque hediondo do Hamas ocorrido em outubro de 2023, são um “genocídio” e que o único paralelo na História é o holocausto nazista. Não bastasse o descalabro da declaração, Lula proferiu tal barbaridade enquanto rodeado de ditadores assassinos.

A ignorância de Lula sobre História ou qualquer outro assunto não é salvo-conduto. Lula trouxe vergonha aos brasileiros de bem e desencadeou uma crise diplomática com Israel, país democrático cuja amizade com o Brasil é histórica e desejável. Mas seu séquito idiótico fez eco.

A comparação de Lula é considerada absurda por pessoas qualificadas como Rubens Ricupero e vários diplomatas. Políticos como Rodrigo Pacheco e Jacques Wagner já a repreenderam publicamente. O elenco mais próximo ficou dividido, muitos se calaram covardemente, mas fica claro que Lula há muito não é mais “o cara”. Claro que sua trupe mais próxima e mais idiota (pleonasmo) segue tuitando e repetindo suas asneiras, grosserias e ignorâncias, mas esses são robôs também pilotados por Christof.

Alguns tentaram consertar dizendo que Lula se referiu ao governo de “extrema-direita” de Israel e não aos judeus. Isso obviamente não cola – Lula e Celso Amador (oops, Amorim) já defendem o Hamas há décadas, fosse o governo de Israel de qualquer orientação ideológica. Nunca tentaram esconder o antagonismo a Israel. José Genoíno, esse sim, fez como os nazistas e publicamente pediu boicote aos estabelecimentos de judeus.  

Uma pergunta baixando ao nível petista: Lula, não tem cerveja em Gaza ou o Zelensky já bebeu todas? Vai lá e resolve, você é um pacifista!

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Lula não pede desculpas. Nunca o fez. Sobre o petrolão, teve diversas oportunidades para fazer um mea culpa perante a sociedade brasileira, mas é incapaz de admitir um erro. Vive num mundo de fantasia onde a operação lava-jato foi um "complô" dos EUA porque “nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobrás”, segundo delírio recente. Neste show que nada tem de reality, o dinheiro que foi devolvido pelos corruptos é apenas um esmero da produção. Para Da Silva, também escapa o fato de que a Aramco, por exemplo, tem um valor de mercado de cerca de 20x o da Petrobrás (a preços de hoje), de modo que os EUA deveriam ter outros alvos prioritários em eventuais complôs. Truman tem que ser o centro do mundo.

Lula não se desculpou por Dilma, a responsável pela maior recessão da história republicana brasileira. Ao contrário – a premiou com um cargo no Banco dos BRICs. Assim como tentou (e seguirá tentando) emplacar Guido Mantega em alguma posição de destaque, onde possa destruir muita riqueza.

Sobre a recente comparação ao holocausto, vários membros do cast já sugeriram a Lula uma retratação. Mas Lula está sempre bloody well right e, na verdade, resolveu repetir a fala grotesca e bárbara em outros eventos subsequentes, dobrando e triplicando a aposta. Sua militância faz coro: convocou um evento na Avenida Paulista contra Israel – no panfleto diz “Lula tem razão”, ora, que dúvida!! O Brasil voltou... voltou à latrina da diplomacia.


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Alguns ponderam que a fala de Lula não foi improvisada, e sim faz parte de um plano para afastar o Brasil do ocidente e nos aproximar do eixo do mal (Rússia-China-Irã). Pode até ser, mas isso seria um movimento de Christof, não de Truman. O mais provável é que Lula (oops, Truman) seja somente um idiota latino-americano mesmo.

Israel tem condições de expor Truman. Certamente seu serviço secreto tem informações comprometedoras sobre os malfeitos do “pai dos pobres” e seus técnicos de informática seriam capazes de penetrar as urnas invioláveis em poucos minutos. Os hackers americanos já o fizeram em modelos antigos, também “invioláveis” à época. Pasmem, está inclusive no G1 – o estagiário deve ter esquecido de apagar a matéria.

https://g1.globo.com/globonews/estudio-i/video/conferencia-de-hackers-nos-eua-reprova-urnas-video-exibido-em-7-de-agosto-de-2017-6061807.ghtml

Mãos à obra, senhor Katz!

 

(P.S. Lula, ao contrário de Truman, não deveria procurar sair da bolha do reality show. No mundo real fora da bolha e sem o consórcio, não se consegue encontrar o tal amor que venceu. Basta ver a multidão que o amor arrastou no último 7 de setembro.)

(P.S. 2 – Fux e Barroso não têm nada a dizer? Silencioso Tribunal Federal.)

(P.S. 3 – O mais incrível é constatar que há isentões e judeus que se chocaram com a fala de Lula. Pior, há JUDEUS que afirmam que votariam em Lula de novo pois era preciso evitar Bolsonaro, este sim um ditador, tirano e destruidor de instituições. Assim como Lula, são incapazes de admitir um erro, estão "cempre sertos". Para eles, fica a imagem abaixo, melhor do que gastar saliva ou teclado.)



Comments

  1. Aparentemente, o ponto do vídeo com o comentário do Ronaldo Lemos não é esse que vc tenta fazer (segundo o próprio Lemos). Também não vejo porque o a responsabilidade de "apagar a matéria" deveria ficar a cargo de "estagiário". Até teorias da conspiração precisam de uma certa correlação com como as coisas funcionam no mundo real.

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