(Por: Mariano Andrade)
Na próxima
semana, Lula estará no Teatro Casa Grande no Rio de Janeiro, reunindo-se com
artistas e intelectuais. Isso tudo faz parte do show de um Lula que teme a
justiça e que agoniza antes de morrer politicamente. Mas há que se reconhecer
que o evento é bem apropriado...
A esquerda
é – de fato – um teatro. Os vermelhos reclamam do golpismo de Temer, mas esquecem
que o escolheram para vice de Dilma. Reclamam de corrupção mas são contra a
lava-jato. São contra cortes em saúde e educação, mas não querem nem aumento de
impostos e nem reforma da previdência. Nada mais adequado do que se reunirem
num teatro.
O nome Casa
Grande também vem muito bem a calhar. Regimes comunistas são escravizantes: ao
tirar a liberdade econômica da população, colocando o estado como protagonista,
impedem que o indivíduo busque seu bem-estar e que, ao fazê-lo, eleve o
bem-estar da sociedade. Ou alguém acha que a Coréia do Norte é um país livre? Ou
que vive-se bem na Venezuela?
Os artistas
e intelectuais sentem-se bem na casa grande. Estão acostumados a cachês
milionários (muitas vezes pagos por prefeituras ou verbas partidárias), a apartamentos
na Europa e a benesses da Lei Rouanet. São os senhores de engenho de uma gente
trabalhadora, que apesar da mão visível do governo segurando a economia, tenta
buscar uma ascenção social e econômica.
Certamente,
o convescote contará com Chico, Caetano, José de Abreu, Letícia Sabatella,
Fernanda Torres, e muitos outros que seguramente não podem reclamar de grana.
Quem sabe teremos até um bilionário penetra, o insuportável Bono Vox. Será que
ele vem de jatinho particular? Caviar
left com sotaque irlandês é demais.
**
Por que a
comoção com o julgamento de Lula? Afinal, o comunismo não prega igualdade em
todas as esferas? Que tal começar pela igualdade perante a Lei? Mas dessa
igualdade Lula não gosta... Há alguns anos defendeu que Sarney – sim, aquele câncer
ambulante que assola o país há décadas – não é um “homem comum” e que não
deveria ser submetidos às leis ordinárias. Há a lei da casa grande (também
conhecida como foro privilegiado) e a lei da senzala.
Lula nunca
fez nada fora da política. Só produziu baderna como líder sindical, só deu
palestras para audiências-fantasma depois da presidência, nunca escreveu um
livro, não contribuiu em nada para engrandecer a sociedade. Um inequívoco
rentista do capital político que – sabe-se lá como – detém, um baita senhor de
engenho. E como rendeu bem este capital: não é que o ex-operário tinha R$ 9
milhões em uma única conta de investimento? Não foi na senzala que conseguiu
juntar esse pé-de-meia.
**
João
Amoêdo, por sua vez, é um senzalado. Trabalhou na iniciativa privada e, com
méritos próprios, alcançou um dos mais altos postos num banco privado de
destaque. Não se encostou no estado ou em máquina pública ou partidária. Cortou
cana de sol a sol e teve seu esforço reconhecido e premiado.
Sua
candidatura no Partido Novo contará com míseros segundos no horário gratuito da
TV, é a migalha que sobrará para o pessoal da senzala. Os senhores de engenho
do PT juntar-se-ão a outros opressores (leiam-se partidecos de esquerda) para
acumular muitos minutos de TV. Quando teremos nossa Lei Áurea na política?
João Amoêdo
propõe o fim da casa grande – privatização de empresas estatais sem
vacas-sagradas. Petrobrás, Correios, Caixa Econômica, etc. Quer pôr os senhores
de engenho para ralar. Mas os intelectuais e artistas – também acostumados à
sombra e mordomias do casarão – não acham isso cool.
João Amoêdo
espelha o que há de melhor na lógica anglo-saxônica de representatividade. Em
países como EUA e Inglaterra, os candidatos a cargos públicos normalmente são
pessoas que já colecionam sucessos na esfera privada e cujo principal objetivo na
vida pública é servir o povo. Exemplos? Michael Bloomberg, Mitt Romney,
Paul O’Neill. Até no Chile a “moda”
pegou com Piñera novamente sendo eleito para consertar o que a esquerda bagunçou.
No Brasil,
João Dória mostrará que muito se pode fazer em quatro anos quando o
objetivo é ralar no engenho (com competência) ao invés de coçar o saco na casa
grande. Mas sempre vai haver um "global" idiota ou um boçal da bossa-nova dizendo
que “não é bem assim”, que Dória inibiu a arte, que desalojou dependentes
químicos, mimimi, mimimi, mimimi. E o brasileiro, com sua teimosa vocação de escravo,
não só dá ouvidos a essa galerinha podre como ainda compra o CD ao vivo com
músicas requentadas de 20 anos atrás.
**
Dada a imaturidade do eleitorado brasileiro, não parece ser dessa vez que o Brasil dará a sorte de ter alguém como João Amoêdo vencendo as
eleições. Uma pena. Os senhores de engenho – de esquerda, centro e direita –
continuarão escravizando a senzala com candidatos messiânicos, com suas
mordomias impagáveis, e com pão & circo ... & teatro.
Comments
Post a Comment