(Por: Mariano Andrade)
Em seu
livro “Why Nations Fail”, o economista
Daron Acemoglu atribui o insucesso de determinadas nações a seus sistemas
políticos (e econômicos) fechados. Ou seja, quanto maior a dificuldade de o
indivíduo motivado influenciar ou ingressar nas instituições políticas, maior a
chance de – no longo prazo – aquela nação não prosperar.
Em diversas
passagens, a leitura do volume de Acemoglu despertará nos brasileiros o
sentimento de “é nóis”. O Brasil continua errando demais e tem tudo para
engrossar a lista dos países que não deram certo. Nossa economia é fechada,
transacionamos pouco com o exterior por conta de tarifas, burocracia, e
gargalos logísticos. Empreender no Brasil é um trabalho hercúleo: além da
bocarra do fisco, há arcabouços regulatórios, fiscais e trabalhistas que
engessam qualquer inovação. E não adianta o cidadão querer contribuir para
mudar isso tudo, pois o sistema político é fechadíssimo – aqui, não há
candidatos independentes e, mesmo que houvesse, os grandes partidos acabam
abocanhando cadeiras que não lhe pertenceriam não fosse nosso sistema eleitoral
fisiológico que dá espaço para candidatos puxadores de votos.
Não é de se
surpreender que o Brasil viva uma crise de representatividade. Décadas e
décadas de sistema fechado nos levaram à atual situação de nojo à classe política.
O sistemas fechados sempre implodem, batem no muro – o nosso muro político
chegou. O abismo econômico ainda vai demorar um pouco, mas a Venezuela é uma
mostra do que é falhar política e economicamente.
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Para
desviar do muro e ter chance de prosperar no longo prazo, o Brasil necessita
de um sistema político aberto, que permita a indivíduos independentes darem sua
contribuição, aos poucos restaurando uma representatividade política legítima. Mas como isso será possível, se as regras exigem que os
candidatos a cargos executivos e legislativos tenham filiação a algum partido,
e cada partido tem sua agenda sórdida (e, portanto, repele os independentes)?
A ideia do
Partido Novo de João Amoêdo nasceu para quebrar essa corrente maligna. O Novo
seria uma plataforma que cumpriria a regra do jogo mas teria em seus quadros
apenas homens e mulheres independentes, bem sucedidos em suas áreas de atuação
e com boas contribuições a dar para seus municípios, estados ou mesmo na esfera
federal.
Amoêdo
merece uma medalha. Conseguiu criar o Novo apesar de o sistema ter-lhe criado
mil e uma dificuldades. Depois de 5 ou 6 anos no forno, finalmente o Novo
conseguiu lançar seus primeiros candidatos na eleição municipal de 2016.
O Novo é a
melhor chance que o Brasil tem de mudar sua rota e evitar o fracasso como nação.
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Mas o Novo
parece querer jogar rúgbi vestindo sapatilhas...
As eleições
de 2018 seriam excelente ocasião para o Novo formar bancada relevante em
Brasília, aproveitando-se justamente da crise de representatividade em que o
país está afundado. Sem contrariar seus princípios, poderia indicar para o
Congresso alguns nomes da iniciativa privada que certamente puxariam votos e
engordariam a bancada do partido. Nomes como Bernardinho e Armínio Fraga vêm à
tona, mas certamente há muitos outros que unem popularidade, independência,
sucesso e liberalismo.
Se o Novo
quer mudar as regras, primeiro tem que entrar no jogo com as regras vigentes.
Se o sistema privilegia os puxadores de votos, que o Novo lance suas melhores
cartas. Com bancada posta, o Novo passaria a ser relevante e poder começar a
fazer diferença do lado de dentro.
Outra
fragilidade do Novo é a política de financiamento. A não-aceitação de dinheiro
público já carimbado para campanhas políticas coloca o Novo em desvantagem
estrutural contra os partidos velhos. É como querer ganhar um grand prix largando sempre na vigésima
posição – não é impossível, mas é improvável. Obviamente que o uso de orçamento
público para financiamento de campanhas eleitorais é prática acintosa, mas sem essa
ferramenta fica mais difícil decolar nas urnas.
Em resumo, sem
usar as regras do jogo a seu favor, por mais injustas ou inadequadas que sejam,
o Novo terá dificuldade de eleger bancada. E, sem bancada, não conseguirá mudar nem o sistema e nem a regra do jogo. E sem mudar o sistema político-econômico, o Novo perderá
sua razão de ser.
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O Novo
certamente tem os melhores candidatos, apresentando nomes como João Amoêdo, Marcelo
Trindade e Rogério Chequer. Em termos relativos, então, é covardia. Funcionaria
muito bem na Holanda ou no Canadá; mas, num país ignorante que elege figuras
como Romário e Mãe Loura do Funk, a melhor qualificação está longe de ser condição suficiente para um candidato ter chances. A estratégia do Novo tem que ser mais holística.
O Novo em
muito lembra a proposta original do Partido Liberal de Álvaro Valle. Conseguiu alguns
mandatos aqui e ali sem nunca fazer bancada relevante. No fim, acabou
cambaleando para a velha política e sumiu sem ter feito qualquer diferença na
trajetória do Brasil rumo ao insucesso.
Será assim de
Novo ?
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