(Por: Mariano Andrade)
Há muito, piadas de português eram anedotas situacionais envolvendo
os adoráveis lusitanos. Provavelmente surgiram porque a turma de lá gosta de
levar tudo ao pé da letra e, às vezes, isso prejudica a comunicação.
Exemplos abundam:
– “Sr Manoel, sua loja fecha aos domingos?”
– “Não, meu filho.”
Depois de se deparar com a loja fechada no domingo, o
cliente retorna na segunda-feira pedindo explicação, ao que ouve:
– “Não fecha porque não abre.”
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Mais recentemente, a piada tem sido o uso risível da
língua portuguesa que políticos, jornalistas e publicitários vêm desfilando.
Olhai por nós, mestre Ariano! O povo daqui segue
assassinando seu adorado idioma português e a carnificina agora virou barulho político.
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Não bastasse atrapalhar de todas as maneiras que consegue, a
turma da esquerda se reinventou como guardiã do bom uso da Língua Portuguesa. O
pessoal que ainda defende Lula agora patrulha a gramática e a ortografia
de todo e qualquer comunicado do governo. Muito coerente, afinal Lula é,
sem dúvida, luminar do português erudito.
Um certo “jornalista” radical de esquerda (desculpem o
pleonasmo) gravou um vídeo patético no qual destila ironias e críticas aos
erros cometidos por Sérgio Moro no programa Roda Viva. Realmente, é vergonhoso
o Ministro da Justiça conjugar verbos de forma tosca e soltar “conje” no lugar de
“cônjuge”. Mas, como o clip tinha a presença de dois membros do PT, vocais agitadores do “Lula
livre”, a crítica ganha cunho político e cai no ridículo: afinal, será que o
ex-presidente finalmente resolveu abrir uma gramática durante seu tempo preso? Seria
uma baita evolução, pois em plena Bienal do Livro em 2004 havia comparado sua preguiça
de ler um livro à de fazer exercício em esteira.
Um colunista do jornal O Globo, também de esquerda e sem
qualquer conteúdo ou coerência (ça va
sans dire...) publicou esta semana um artigo afirmando que o ministro Weintraub
teria dificuldades para passar no Enem. Sim, o ministro postou trechos
lamentáveis, com erros de ortografia – insitar (sic) – e de gramática – haviam (sic)
tumultos. Mas as Organizações Globo não chegam a ser uma referência no quesito bom português,
tampouco os políticos de esquerda que o tal colunista adora defender... Ah, e
faltou mencionar que o Enem andou cobrando conhecimentos de pajubá, portanto –
se tivéssemos continuado no caminho à esquerda – quem sabe Português viesse a
ser conteúdo facultativo em poucos anos.
(Um exemplo ex-post: o Jornal "O Globo" de 9 de Junho de 2019 soltou a pérola acima. O leitor pode notar que as OG não "contradizeram" este post.)
(Um exemplo ex-post: o Jornal "O Globo" de 9 de Junho de 2019 soltou a pérola acima. O leitor pode notar que as OG não "contradizeram" este post.)
Os jornais e novelas de TV Globo já decretaram, há
muito, a morte da oração subordinada objetiva indireta. “Este é o governo que o
Brasil precisa”, “Este é o produto que eu gosto”, e por aí vai. CADÊ A PREPOSIÇÃO ?!?!?! Os
verbos precisar, gostar e tantos outros são transitivos indiretos, pedem
preposição. É algo conhecido como regência verbal, mas que talvez não exista no Projac.
(Parênteses: os publicitários talvez tenham sido os
responsáveis pelo assassinato da oração subordinada objetiva indireta. Afinal, “Omo
é o sabão que você precisa” e “o Nescau que você gosta agora vem com nova embalagem”.)
Tem mais: uma simples navegação na internet mostra gafes
horrorosas das Organizações Globo, como “bahianos”, “voçê”, “asperção” e outros.
Portanto, causa estranheza essa súbita preocupação dos “jornalistas” globais com
o bem-estar do nosso idioma.
Há poucos dias, Bolsonaro colocou no twitter: “Entre eu e
Paulo Guedes não há nenhuma desavença”. Ninguém na imprensa ou na esquerda
detectou o erro, mas quem prestou atenção às aulas de português aprendeu que
preposição é seguida de pronome oblíquo, e não reto. Caro leitor: cá entre mim e você, o mais provável é que os defensores da educação nem conheçam essa regra
gramatical.
Aliás, nos protestos contra o contingenciamento de verbas da
educação, viram-se cartazes com pérolas como “mecheu (sic) com a educação,
mecheu (sic) comigo”, ou “só a educação trazerá (sic) crescimento”. Meu Deus. Pensando
bem, talvez nem saibam o que a palavra contingenciamento significa.
Já se pôde constatar que os artistas, sempre eles, são capazes
de tudo. Até de separar sujeito e predicado com uma vírgula. Lembram? Devem ter
aprendido com os mesmos professores da grande mídia.
Talvez o mais patético de todos tenha sido o ex-quase-presidenciável-mas-ainda-global
Luciano Huck. Levou olé de uma menina no quadro “Soletrando”, visto que não era
capaz de pronunciar adequadamente o vocábulo “infra-hepático”.
A lista é bem longa, e nem se falou do ecossistema de youtubers e influencers de vinte e poucos anos e uma dúzia de neurônios... Olhai por nós, mestre Ariano.
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Ah, que falta nos faz Dilma com seus inspirados discursos,
uma verdadeira herdeira de Machado. O resto? Rotos falando de esfarrapados.
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