Intelectuais, uma vírgula


(Por: Mariano Andrade)

Ah, nossos intelectuais... Que turminha tinhosa. Não perdem a chance de se imiscuírem em qualquer debate, sobre qualquer assunto, sendo que em 99% dos casos defendem ideias datadas, estapafúrdias e/ou de interesse próprio (mas não prescindindo do disfarce altruísta).

Recentemente, num ato em suporte ao juiz Bretas (e, claramente, expondo o lamentável Gilmar Mendes) parecem ter tido o raro 1% de acerto. Será?

Quase. Bateu na trave. O cartaz que foi utilizado para o “momento Kodak” do evento continha um erro grosseiro de português. “Não se separa o sujeito do predicado com vírgula”, repetem ad nauseam os professores de Língua Portuguesa. Mas nossos intelectuais cravaram lá: “O Rio, está com você”. Respondendo na mesma moeda: “Este autor, lamenta que vocês tenham tanto espaço na mídia”.



Não foi só em Língua Portuguesa que nossa “elite intelectual” levou bomba na escola. Não aprenderam nada em matemática. Qualquer criança de seis anos que já saiba somar e diminuir consegue antever que aquele que gasta mais do que arrecada vai bater no muro alguma hora. Mas nossos atores e cantores não se furtam a sustentar que a reforma da previdência é maligna. Os backing vocals desta cansada interpretação ficam a cargo de Chico Alencar, Molon e afins, cuja cara de pau é merecedora de Oscar: “Não mexam nos meus direitos”, costuma dizer o cartaz que carregam para o Congresso. Nobres deputados, é justamente nos vossos direitos (leia-se: regalias) que temos que mexer!

Mas, certamente, o pior desempenho desta trupe foi em História. Não entenderam nada. “O Capital” virou jornal velho 10 anos após sua publicação, pois a Revolução Industrial melhorou a vida das famílias. Os ídolos da esquerda – Chávez, Guevara, Fidel, Pol Pot, Lênin, Mao Tsé-Tung –  foram, na verdade, impiedosos assassinos contrários a qualquer forma de democracia. Berlim foi reunificada pela falência do modelo socialista, que – com trocadilho, e como previra a criança de seis anos – bateu no muro.

Nossos pensadores também não aprenderam quem foram Mussolini, Hitler e outros tantos. Não conseguem ver que as ideias que hoje defendem deixariam Il Duce orgulhoso e – pior – saem por aí bradando “fascista!” a qualquer um que se oponha à pauta dos partidos de esquerda. Devem ter perdido a aula onde o professor explanou que o Nazismo era uma filosofia socialista que denunciava o individualismo e o materialismo, enaltecendo o estado como grande protagonista. Partido Nacional Socialista, National Sozialist, Nazi. Captaram agora? So-ci-a-lis-ta.

Será que estavam à toa na vida este tempo todo?

Há muito já passou da hora de mídia e público entenderem que não basta tocar bem um instrumento, compor uma boa canção, subir num palco ou interpretar um traficante em série da Netflix para se qualificar como intelectual. Parafraseando Dilma Rousseff – que não canta, não compõe e não atua, mas já pegou em armas clandestinamente e, portanto, é intelectual qualificada – é “estarrecedor” que se aceite que qualquer artista possa ter uma opinião valiosa sobre qualquer assunto concernente à sociedade. Ressalva: fazendo justiça a Dilma, ninguém profere discursos tão memoráveis quanto os seus – é, de fato, uma artista.

Ser cantor não qualifica o sujeito a opinar sobre maioridade penal com mais propriedade que um engenheiro, um marceneiro ou um veterinário. Não é mesmo, Chico? Ser atriz não dá à cidadã a virtude da clarividência sobre relações trabalhistas ou tributação. A pessoa que se empenha no estudo de técnicas de interpretação ou impostação vocal certamente não se especializa em cálculo atuarial (dica para os intelectuais: aqui, fala-se de previdência, ok?).

Portanto, intelectuais: se não têm nada de útil a dizer, calem-se. O povo de bem do Brasil já cansou de vinho tinto. 



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