Pfala sério!

 

(Por: Mariano Andrade)


“When the power of love overcomes the love of power, the world will know peace.” (Jimi Hendrix)

 

A pandemia da covid-19 trouxe grande progresso à ciência. Nunca se avançou tanto em descobertas absolutamente contraintuitivas e geniais. Vamos a algumas delas!


1-      A estatística foi reescrita e nasce a significância instantânea

A Pfizer é a melhor vacina, todo mundo sabe disso. Trata-se de uma conclusão atingida com menos de um ciclo do vírus, sem grupo controle, sem robustez cross-sectional ou temporal. A nova estatística é realmente um avanço quântico em relação à metodologia precedente que requeria uma massa de dados muito maior (e mais tempo, em certos experimentos) para atingir repostas, sendo que ainda assim estas guardavam uma margem de erro. Margem de erro? Pfala sério!


2-      O vírus tem bússola

Quem viajou de avião recentemente observou que o vírus é mais contagioso em alguns sentidos e direções. No sentido do embarque da aeronave, não há perigo – pode aglomerar e todos os passageiros embarcam ao mesmo tempo. Contudo, no desembarque (outro sentido), o vírus é muito mais ativo e, portanto, a ciência preconiza que os passageiros estarão mais seguros desembarcando de 3 em 3 fileiras, o que limita a aglomeração e a probabilidade de contágio. Tomara que as companhias aéreas continuem seguindo este protocolo depois de finda a histeria (ops, pandemia) da covid-19, pois a comunidade científica ainda não terminou os estudos sobre a direcionalidade de outros vírus e bactérias.



3-      O vírus não é daltônico

Incrivelmente, a ciência descobriu que o vírus consegue distinguir cores. Em alguns estados e municípios, há as bandeiras coloridas que definem quão crítica é a situação local, dados de número de casos e ocupação de leitos. Nas metrópoles, por exemplo no Rio de Janeiro, há bandeiras por bairros. Algumas escolas politizadas (ops, conservadoras) definem o percentual de ocupação das salas de acordo com a cor da bandeira, embora isso não seja obrigatório.

Isso funciona porque o vírus não é daltônico. Ele sabe que é injusto atacar uma escola que está num bairro de bandeira verde, mesmo que seus alunos e funcionários se desloquem de locais onde a bandeira está vermelha. O vírus respeitosamente espera o indivíduo contaminado voltar para a zona vermelha para, só então, retomar sua rotina de contágio.


4-      O vírus adora conforto

O coronavírus realmente foi um ótimo trabalho do laboratório que o criou e também de seus conhecidos patrocinadores. Eles devem estar orgulhosos. É um vírus sofisticado e que adora conforto. Assim sendo, o vírus não ataca profissionais que se desdobram para levar bem-estar aos lares do Brasil e do mundo afora, tais como entregadores do iFood, instaladores de fibra ótica e tantos outros.

 

5-      No entanto, o vírus é preconceituoso com certas classes profissionais

Se por um lado o vírus conscientemente poupa alguns profissionais, ele é muito perigoso para outros, especialmente aqueles do setor de educação. A evidência empírica mostra que crianças não são vetores importantes e que salas de aula são locais seguros, mas se houver um único profissional da educação lá dentro, vira Defcon-1: o vírus rapidamente altera sua atividade e torna-se super letal. A ciência suspeita que são essas abruptas mudanças de humor do vírus quando o professor entra na sala que provocam as mutações e, portanto, as variantes delta, lambda, etc. Isso ocorre sobretudo nas aulas de física e matemática, justificando o uso de letras gregas para denominá-las.

É por isso que abrir escolas é genocídio, mas abrir boates e estádios não. “Tudo baseado na ciência”.


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As conclusões a seguir são correlatas e nada têm a ver com a covid-19. A ciência também produziu avanços consideráveis em outras áreas do saber.

 

6-      O tempo pode ser acelerado

O post de Marcelo Freixo ilustra uma manifestação desta conclusão revolucionária.

Esta aceleração do tempo parece ser controlada por alguns X-Men, sendo Bolsonaro um deles. Apesar de quase duas décadas de desmatamento da Amazônia na era PT, a culpa da mudança climática é dos dois anos acelerados de Bolsonaro.

(Detalhe: esta aceleração do tempo possibilitou o avanço da estatística anteriormente relatado)


7-      Não existem mais ecossistemas maduros

Esqueça o que você aprendeu na escola sobre ecossistemas maduros, aqueles que consomem tudo o que produzem. A Amazônia era um exemplo típico, sendo que todo o oxigênio lá produzido era consumido internamente. Isso não existe mais, Greta (lembram dela?) ajudou nesta incrível pesquisa, mesmo cabulando suas aulas. 

Esse desmonte do equilíbrio trouxe o caos, de forma que se você cortar a grama do seu jardim, pode provocar um incêndio na Austrália ou uma onda de calor no Canadá. Imaginem então o enorme potencial devastador dos X-Men que conseguem acelerar o tempo... O STF precisa legislar (ops, deliberar) a respeito desse poder desproporcional – afinal, conhece bastante desse riscado.


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Por mais cômico que possa parecer, o Brasil vive segundo essa cartilha caricata. Boa parte do absurdo que se instalou aqui decorre da lamentável e vergonhosa politização da pandemia e da doença. Ainda pior é a politização da ciência – a ciência foi torturada a céu aberto e sua versão desfigurada foi utilizada como “embasamento” para as mais absurdas decisões e bandeiras políticas. Uma verdadeira demonstração de DESORDEM E ATRASO.

Parafraseando Jimi Hendrix: quando o poder da ciência superar a ciência do poder, o Brasil conhecerá ordem e progresso.

 

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