(Por: Mariano Andrade)
Em seu seu mais
recente livro, Skin In The Game, o
autor Nassim Taleb declara imoral a atitude de se ter uma postura na vida
privada distinta daquela que se preconiza na vida pública. Nas palavras
de Taleb “It is immoral to claim virtue
without fully living with its direct consequences”. E, em outro trecho: “If your private life conflicts with your
intellectual opinion, it cancels your intellectual ideas, not your private life”.
Dito de
forma mais simples e com exemplos mundanos, que confiança o leitor teria
em um vendedor da Apple Store que só usasse produtos Samsung na sua vida privada? Ou de comprar uma
BMW aconselhado por um vendedor que dirigisse uma Mercedes?
É difícil
discordar de que seriam situações esdrúxulas e que explicitariam total falta de
comprometimento do agente com seu discurso público.
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Munido de situações onde há desalinhamentos patentes, Taleb abre
as baterias contra figuras como Hillary Clinton e outras. É uma pena que ele não
conheça o PSOL...
O que dizer
de um partido que tem musiquinha querendo “o fim da polícia militar” e cujo
principal puxador de votos utiliza, há anos, uma escolta da PM para ir e vir? Se
houvesse alinhamento entre discurso público e atos privados, o nobre deputado
teria a autenticidade para dispensar o auxílio da PM. Ou, alternativamente,
enalteceria o valor da PM em público. Mas, ao contrário, usam-se dois pesos e
duas medidas.
Outro
parlamentar do PSOL circulou nas redes sociais um cálculo risível sobre o valor
“justo” da Eletrobrás, apontando que o governo Temer tem a intenção de entregar
a empresa por uma fração do que ela “vale”.
Será que o
nobre deputado, advogado de formação, realmente acredita num valuation que desconsidera o valor das
dívidas da companhia? Isso sem falar na barbaridade de somar os investimentos
feitos ao longo do tempo independente de depreciação, obsolescência ou retorno futuro esperado, etc.
Quer dizer, uma fábrica de TVs preto-e-brancas vale o que foi investido nela ao
longo do tempo, mesmo que o retorno futuro seja negativo? Muito curiosa esta
metodologia... Se o distinto parlamentar sabe que o cálculo é viesado (deveria
saber, como advogado que é) e mesmo assim dá publicidade a ele, trata-se de
atitude reprovável. Mas, para verificar esta hipótese, basta indagar a ele
quantas ações da Eletrobrás ele possui – se ele realmente entende que o valor justo
da companhia é de aproximadamente 20 vezes a atual cotação na bolsa, deveria
estar fortemente investido nas ações da empresa (a não ser que seja um zero à esquerda).
O PSOL é um
partido cool, certo? Liberação das
drogas, fim da PM, ideologia de gênero. Ok – é uma linha legítima. No entanto,
quantos de seus filiados com filhos de 8 anos teriam postura cool se a criança desejasse mudar de
sexo? Difícil, não é mesmo? Mas há um projeto de lei do PSOL que visa autorizar a
cirurgia de mudança de sexo (pelo SUS!) se o menor obtiver autorização judicial,
a despeito do que pensem os pais.
A Câmara
Municipal do Rio de Janeiro recentemente aprovou um projeto de lei do PSOL que
cria um banco de fomento municipal. Trata-se de uma ideia estapafúrdia, pois
cria-se mais um obstáculo para o funding
(se é que ele existe) chegar ao empreendedor. Mais burocracia, mais despesas e
mais possibilidade de corrupção. Mas a pergunta-chave é: quantos psolistas
estão na fila para comprar títulos desse banco ou abrir suas contas de
poupança?
O PSOL
considera o ministro Gilmar Mendes um anjo ou a encarnação do diabo? Depende.
Quando Gilmar vota favoravelmente aos interesses de Lula, é um santo. Mas
quando absolve Aécio Neves é o capeta. O PSOL é a favor ou contra a condenação
de políticos corruptos? Ou será que a resposta depende da legenda à qual o
sujeito é filiado?
E,
finalmente: o PSOL é contra a manutenção do sistema prisional, por entender que
o criminoso tem que ser reintegrado à sociedade. Por que então cobram tanto a
prisão dos assassinos de Marielle? Nesse exato momento, eles seguem integrados
à sociedade como defendido genericamente pelo PSOL.
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O símbolo
do PSOL é um sol com uma carinha sorridente desenhada. Se a população seguir conferindo
votos a um partido que, na verdade, tem duas caras, corremos o risco de o sol
virar trevas e de o sorriso virar carranca.
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