(Por: Mariano Andrade)
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Muito barulho por nada também é o que está acontecendo no Brasil na questão do vazamento das supostas conversas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Num país que ostenta deputados já flagrados com dólares na cueca, uma longa lista de parlamentares que figuravam na lista da Odebrecht e um ex-presidente preso, é incrível que o conteúdo dos chats – cuja veracidade ainda se questiona – tenham ganho tom bombástico.
Mas, no Brasil, tudo é motivo para tentar tirar o país do
prumo. Por isso é que nunca vamos muito longe. O promotor e o juiz “fascistas”
devem ser investigados, punidos, enforcados, espancados, esfolados em praça pública. Já “parou tudo”, com
direito a senadores que têm o nome no lixo da corrupção e nas listas do propinoduto arguindo Sergio Moro como se fossem vestais. As agendas de reforma demoram mais e o
muro ao qual o país se dirige em alta velocidade vai ficando cada vez mais perto.
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Em 2004, o jornalista americano Larry Rohter, correspondente
do NY Times lotado no Brasil, publicou uma matéria na qual abordava a
predileção do então presidente Lula por bebidas alcóolicas. A fonte citada na
história era Leonel Brizola, que viria a falecer poucos meses depois da
publicação da reportagem.
Será que algum brasileiro tem dúvidas de que Lula era
cachaceiro? Sua própria “cumpanheira” Gleisi foi flagrada cheirando o copo de
Lula e vaticinando “é cachaça mesmo” durante o lamentável teatro que antecedeu
a prisão do ex-presidente em 2018.
Basta dar o poder a um bêbado e ele se embriaga, os bilhões da
Petrobrás que o digam. Já dando uma prévia de como seria entorpecido pelo
poder, Lula reagiu ao artigo do jornalista americano pedindo sua deportação. No
passado, mandava-se matar – ao menos é uma das versões para a morte do
jornalista italiano Líbero Badaró durante o período regencial. Mas Rohter teve
melhor sorte que Badaró, Celso Daniel, Toninho e outros.
Quem diria? O tolerante Lula, democrata, defensor da
imprensa livre mandou extraditar o sujeito. E, pasmem, o visto de Rohter chegou
a ser revogado – isso que é fascismo! Mas alguém deu o bizú para o presidente-pinguço
de que o gringo tinha esposa e filho brazucas, e que não dava para despachá-lo
legalmente. O visto foi reinstituído, talvez num raro episódio em que Lula foi
convencido a ficar dentro da lei.
O caso de Larry Rohter caiu no esquecimento, mas a conduta
de Lula foi ridícula, ilegal e autoritária (fascista, pode ser?). Pior ainda
foi constatar a quantidade de idiotas úteis que a defenderam à época, sempre
com os “artistas” protagonizando a comédia. É o mesmo que concordar com a expulsão
de um repórter brasileiro da Argentina por escrever que Maradona é drogado, ou
da Itália por dizer que Berlusconi gosta de uma festinha com modelos.
Enquanto Lula foi rápido no gatilho para tentar se livrar de
um repórter insolente, ele e Dilma mantiveram por aqui o assassino italiano
Cesare Battisti.
Churchill era conhecido por acordar tarde e tomar um drink
já pela manhã. Salvou a Inglaterra dos nazistas e é um dos grandes heróis da
liberdade do século XX. Que pena que não tivemos um pinguço como Churchill...
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Há parlamentares que sustentam que Glenn Greenwald,
proprietário do site responsável pelos vazamentos, deveria ser convocado para
dar as devidas explicações no congresso. Houve discordância sobre o assunto no
próprio PSL, mostrando que o tão temido governo Bolsonaro não é uma ditadura
(embora qualquer contraditório na bancada governista seja veiculado pela mídia
como “trapalhada” – ah, os “jornalistas” preferem a Coreia do Norte, onde coincidentemente todos pensam da mesma maneira). No entanto, o
PSOL – sempre o solzinho sorridente – já se apressou em tentar proteger o
“jornalista” americano.
O que chama muita atenção é que Bolsonaro, nosso “fascista hediondo”,
não falou em momento algum em revogação de visto ou deportação. O que Greenwald
fez é muito mais grave do que tachar o presidente de bêbado, vez que coloca em
risco o funcionamento de instituições fundamentais à democracia baseado em
informações obtidas ilegalmente e cuja veracidade e contexto ainda não estão
firmes. Mas nosso presidente parece ter outra agenda, na qual não cabe atender aos
anseios de seus críticos boçais: Roger Waters e outros “artistas” devem estar
se revirando por dentro.
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O que dizer do esfarrapado Lula? De tolerante e
democrata o ex-presidente não tem nada. Ele já deu demonstrações de misoginia
(“mulheres de grelo duro”), homofobia (“em Pelotas só tem viado”) e desrespeito
pelas instituições. Deve estar bebendo muito na cadeia para pôr em dúvida a
veracidade da facada de Bolsonaro, durante entrevista que lhe foi recentemente
concedida – cuja própria realização, aliás, demonstra mais uma vez que
Bolsonaro é mesmo um fascista de meia-tigela.
Ainda bem que nosso verdadeiro fascista está na cadeia. Enquanto isso, o novo governo desmonta o aparato petista dia após dia. Por ora, assim como no romance de Shakespeare, tudo está
terminando bem.
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