Os libertadores da América


(Por: Mariano Andrade)

No pós-jogo da decisão da Taça Libertadores, uma das entrevistas mais interessantes foi a de um membro da comissão técnica do Flamengo. Ele disse que, apesar da preocupação com o 1x0 do River Plate, o time rubro-negro seguiu aplicando seu esquema tático, tentando as jogadas corretas e jamais caiu na tentação de se lançar ao “chuveirinho”.

Pouca gente deu atenção a isso.



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O português Jorge Jesus chegou ao Flamengo em meados de 2019 e rapidamente ganhou o ceticismo da “imprensa” especializada. Foram inúmeros os “jornalistas” que previram seu fracasso e sua demissão em apenas algumas rodadas. Poucos creditaram o Flamengo como candidato aos títulos do Brasileirão e da Libertadores.

Bem... o que se viu foi justamente o oposto. Jorge Jesus e a comissão técnica do Flamengo fizeram contratações cirúrgicas, o técnico organizou o time e seu esquema de jogo tornando a equipe quase imbatível. A defesa protege e sai jogando com qualidade, o meio-campo controla a posse de bola e o ataque tem alta produtividade.

Apesar dos resultados incontestáveis, do futebol vistoso de sua equipe e de sua conduta irrepreensível, Jorge Jesus ainda teve que ouvir gracinhas de treinadores brasileiros melindrados. Recentemente, ele falou sobre o assunto, dizendo não entender o porquê do chororô (ele usou um termo mais educado) e que só tinha vindo ao Brasil para somar. Mas, após vencer a Libertadores, ele foi mais direto: “eu sou um treinador diferenciado, eu me destacaria no Brasil, na China, na Europa, em qualquer lugar”. Deve ter doído no peito de alguns “professores” por aí...

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Jorge Jesus vai libertar o Brasil – e quem sabe a América – da mentalidade tacanha no futebol. Seja das diretorias que só olham resultados de curto prazo, seja da imprensa parcial e despreparada, seja dos jogadores indisciplinados. Jorge Jesus vai mostrar ao setor esportivo que há técnicos e grupos melhores e outros piores, assim como Bernardinho fez no vôlei. Jorge Jesus vai demonstrar que futebol – como quase tudo na vida – tem método, e que fazer a coisa certa vai funcionar no longo prazo, e que isso produz vencedores. E que, ao contrário, tentar estratégias perdedoras – o “chuveirinho” na área – podem até funcionar ocasionalmente, mas não trarão sucesso duradouro.

O Flamengo poderia até não ter virado o jogo contra o River, mesmo tentando a estratégia correta. Ou, quem sabe, poderia ter feito dois gols na base do chuveirinho. No entanto, Jesus é diferenciado até o fim.

Jorge Jesus já protagoniza o "Moneyball" brasileiro.

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Paulo Guedes segue a mesma linha. Não dá bola para os resultados econômicos de curto prazo, até porque não são controláveis e têm um componente de legado da temerária gestão petista. Não se lança em “chuveirinhos”, segue aplicando alavancas ortodoxas e escalando excelentes gestores, porque sabe que alguma hora o placar vai deslanchar.

As reformas que Paulo Guedes e demais gestores da equipe econômica estão implementando podem libertar o Brasil, e por tabela a América Latina, de seus “ridículos tiranos”, líderes messiânicos, caudilhos e populistas. O crescimento econômico que inexoravelmente virá fará com que as pessoas coloquem a quinquilharia de proteção social – Justiça do Trabalho, CLT, sindicatos, etc – em seu devido lugar (o lixo). Os agentes econômicos procurarão embarcar no crescimento ao invés de buscar encosto no estado. Ou a mão invisível empurra o sujeito para dentro do trem-bala ou o trem-bala passa por cima dele. Não vai adiantar “chuveirinho”, quem quiser ter sucesso vai ter que produzir.

Assim como Jorge Jesus foi recebido com descrença pela imprensa, volta e meia a mídia bate em Paulo Guedes por conta de um ou outro número macroeconômico de curto prazo. Os partidos de oposição ficam pedindo a volta do “chuveirinho”, são como os treinadores beberrões e barrigudos – só conhecem um “esquema” de jogo, sabem que não funcionam, mas trocam de time (ou partido) quando é conveniente e colocam a culpa nos (ex)companheiros. Vão todos quebrar a cara.

À imagem do time de Jesus, Paulo Guedes tem defesa, meio-campo e ataque. A defesa é um fiscal mais consistente, com redução do tamanho do estado e mais verbas à disposição para investir. O meio-campo ocupa-se de distribuir os recursos públicos de forma mais eficiente, com melhores retornos e se valendo de parcerias com o setor privado. E o ataque consiste em matar as vacas sagradas (leia-se privatização, reforma tributária, etc) e aproveitar oportunidades de abertura da economia.

Dá-lhe, Brasil!


(P.S. – A festa da recepção do Flamengo levou 800 mil pessoas às ruas, segundo algumas fontes. Lula esperava que ele fosse ter esse tipo de reação quando fosse solto. Enganou-se e muito, pois o mundo adora os vencedores. Lula é um perdedor, não está mais preso mas está mortinho. O vencedor, por óbvio, aplica métodos e táticas vencedoras, modelos que têm evidência de sucesso em várias situações passadas. Lula e a esquerda, ao contrário, apostam em discursos obsoletos, que exaltam estratégias comprovadamente perdedoras e personagens lamentáveis e desgastados. Lula, o Brasil já te colocou na roda!)



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