(Por: Mariano Andrade)
Artistas reclamando
sem parar sobre o fim (efêmero) do MinC, que novidade... Nossos artistas adoram
reclamar, mas não percebem que quem reclama muito perde a coerência em algum
momento.
Reclamaram da meia
entrada mas pedem maior disseminação da cultura.
Reclamaram dos
sistemas de compartilhamento de arquivos mas querem que a cultura chegue aos
mais pobres.
Reclamaram da censura
no regime militar mas se apressam em censurar biografias não-autorizadas.
Reclamaram do fim do
MinC mas não comemoraram seu retorno.
Os artistas adoram
aparecer defendendo os “fracos e oprimidos” com discursos fatigados de
esquerda. E não é só aqui no Brasil: Sean Penn e Danny Glover servem de
exemplos patéticos em outras terras. Assim como Chico, Caetano e outros tupiniquins,
dizem-se defensores da democracia mas enaltecem Chávez e Castro.
O caso de Cuba, um hit no meio artístico, é risível. Como
alguém que se proclama democrata faz apologia de um regime que ocupa o poder há
quase 60 anos sem nunca ter recebido um voto sequer? Licença poética tem
limite.
Caetano, há muitos
anos, cantou sobre os “ridículos tiranos da América Católica”. Hoje, Caetano sobe
no palanque para eles. Somos uns boçais.
***
O chororô sobre o fim
do MinC foi uma questão territorial, mascarada por um pretenso altruísmo de
espalhar a cultura que – na verdade – inexiste na agenda dos artistas. Os
artistas perderiam espaço com mudança de status da pasta e teriam que competir
com outras frentes de lobby na defesa de seus interesses. Simples assim: foi
uma motivação econômica.
Duvida? Então
pergunte-se o porquê destes artistas cobrarem cachês tão elevados para shows de
réveillon. Não se trata de uma festa popular e, portanto, uma ótima
oportunidade de difundir cultura para todas as classes sociais? Atacam
biografias não-autorizadas para não esvaziar o interesse (e o lucro) de suas
eventuais auto-biografias ou biografias autorizadas. São lindos os burgueses.
O fato é que esses artistas chorões enriqueceram como nunca na era PT, mesmo com sua produção artística caindo. Tomem-se, por
exemplo, Chico e Caetano, que – entre 2003 e 2016 – produziram menos material
de estúdio (isto é, novas canções) do que entre 1994 e 2002. E, a julgar pelo
resultado das vendas de CDs, o escasso material inédito contou com menor
aprovação do público. Mas e daí? Lançaram inúmeros CDs ao vivo e coletâneas,
reciclaram a cultura e tiveram bons lucros com isso. Logo eles, os bastiões da
intelectualidade artística reaproveitando material.
Não há nada errado em
os artistas ganharem dinheiro. Chico, Caetano, Gil, Piovani, Kéfera,
qualquer um. O material artístico é um produto, cujo sucesso dependerá de sua
qualidade, mas também de fatores como sorte e quantidade de capital investido em marketing. Uma vez entendida esta dinâmica, desconstrói-se a noção de que o
artista famoso é – automaticamente – um intelectual.
O que há de errado é
artistas consagrados – aqueles que não precisam do suporte do dinheiro público
– serem os maiores beneficiários da Lei Rouanet, independente de haver ou não
corrupção no processo. Trata-se da subversão da “cultura para todos” alardeada
por Chico, Caetano e Gil. É o mesmo que o BNDES emprestar dinheiro (como de
fato o faz) para Usiminas, Oi, e outras empresas grandes que têm acesso ao
mercado de capitais, preterindo assim o pequeno empresário, aquele que
realmente gera emprego e renda. O monopólio do capital subsidiado é idêntico ao
monopólio da cultura incentivada: requentamos empresas falidas e
artistas monotônicos. E ainda queremos ganhar Palma de Ouro quando, em realidade, merecemos
palmadas.
"Cultura para todos, conquanto que eu seja o mensageiro". "Democracia na Venezuela desde que o Chavismo se mantenha no poder". "Impeachment é golpe! Fora Temer, impeachment nele". São estes os nosso intelectuais?
Os protestos de Chico,
Caetano, Gil, Frejat, Fernanda Montenegro e afins sobre o fim do MinC
constituem um magnum opus de
hipocrisia e advocacia em causa própria. Nunca se vê esta turma pleiteando
recursos para as escolas de música nas favelas, ou oficinas de teatro
gratuitas, ou mesmo fazendo shows de graça. Sugestão: podem rodar Venezuela,
Cuba e Coréia do Norte, pagando do próprio bolso e fazendo espetáculos
gratuitos. Exerçam seus podres poderes em outras bandas, o Brasil já cansou de vinho tinto.
Com os ânimos exaltados
de hoje, herança maldita do PT, se cada paisano e cada capataz der ouvidos ao
discurso cansado e falido dos artistas, infelizmente faremos jorrar sangue
demais.
Comments
Post a Comment