A Amazônia não é aqui

 (Por: Mariano Andrade)


"I didn't pay my taxes for years." (Noam Chomsky)

"You don't pay taxes – they take taxes." (Chris Rock)


A floresta amazônica ainda tem sua área majoritariamente situada no território brasileiros. Os governos brasileiros têm feito força para que isso deixe de ser verdade e Lula segue a tradição, parecendo almejar o recorde de desmatamento por incêndios. Se o amor venceu, não foi o amor pelas árvores.


Lula também dá espaço para que a soberania da Amazônia brasileira seja debatida, mais uma de suas idiotices e expressão do mais puro nanismo diplomático.

Em suma: talvez em algum tempo, a Amazônia (ou o que sobrar dela) realmente não seja mais aqui.

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Fernando Haddad é um homem com uma missão: encontrar receita em qualquer canto possível, revirando cada pedrinha. Se não puder taxar importação até 50 dólares, taxa aposta esportiva. Se não puder taxar apostas, antecipa impostos de fundos fechados. Se nada disso funcionar, vai inventar novas frentes, cada vez com maior prejuízo à atividade econômica.

As duas citações que abrem o artigo ajudam a ilustrar. Chomsky, o ideólogo de esquerda, era um sonegador, embora defendesse estado grande - considerava-se acima da lei, talvez? Onde será que já vimos isso? Chris Rock, que produz riqueza e trabalha, sente-se "subtraído" pelo fisco e dá uma conotação adversarial à tributação. Será que ele já ouvir falar do PT?

A presente discussão sobre meta de déficit – zero ou 0,5% – é quase irrelevante no longo prazo. O impacto prático de 0% ou 0.5% é apenas se haverá “gol de mão” logo de partida na definição do patamar fiscal para contingenciamento de gastos. E, obviamente, o péssimo sinal e a ausência de comprometimento com o equilíbrio fiscal logo na primeira volta da corrida. Não fosse isso, o número seria totalmente irrelevante.

É preferível rodar uma economia com tributação de 20% do PIB e déficit primário de 1% a ter a configuração pretendida pelo ministro, qual seja: taxar 35% do PIB e ter déficit zero. Neste caso, o déficit zero é a diferença de dois números enormes e crescentes (ou alguém acha que o PT vai diminuir impostos ou gastos?). Ou seja, qualquer oscilação ou surpresa na arrecadação ou em gastos cria um problema de curto prazo. Quando há alguma alteração estrutural em receitas ou gastos, tem-se um grande desafio.

Uma economia com estado mais leve pode operar com déficits primários. Nestes desenhos, o estado não está estrangulando a iniciativa privada e a “curva J” jogará a favor das contas públicas – isto é, a tributação mais baixa estimula o setor privado e a atividade econômica, de tal forma que a arrecadação cresce mais do que os gastos, gerando um superávit primário à frente. Além disso, se houver qualquer perturbação importante em receitas ou gastos – conjuntural ou estrutural – há espaço para aumento de impostos, existe margem de manobra orçamentária. E, pasmem: a população tende a enriquecer ao longo do tempo.

Mas a cartilha petista é outra. Trata-se da turma que bradava que o Plano Real fracassaria e que a privatização da Telebrás tornaria “telefone coisa só de rico”. São os luminares que diziam que privatizar a Vale era abdicar da nossa soberania e que hoje afirmam que Uber é escravidão. Ou seja, é um bando que nunca trabalhou na vida, nunca produziu nada para a sociedade e que enxerga a economia sob uma lente ignorante ou ideológica – no fim das contas, inútil da mesma maneira: acham que se o estado tributar 50% é melhor do que 40%., tributar 60% é melhor do que 50%, e tributar 100% é o cálice sagrado. Esquecem que as pessoas podem se mandar daqui e que, a partir de um nível de tributação, os que ficarem terão zero incentivo a produzir.

A crença na fórmula petista é análogo a apostar num aluno fraco, que fará uma prova de física quântica avançada, sendo que o professor promete um exame difícil. E, para piorar, o aluno estudou muito pouco. A probabilidade de uma boa nota é deveras reduzida. Com a atual condução ideológica e adversarial, com time fraco e com vários desafios importantes, a chance de nossa economia prosperar também é muito baixa, sendo que a condição necessária (mas não suficiente) para tanto é o Brasil ter uma ajuda relevante do setor externo (como foi no outro governo de Lula, o retrato do incompetente sortudo).

A tributação brasileira já é um Frankenstein, com milhares de assimetrias e inconsistências. A cruzada por mais impostos, sem eliminar as jabuticabas, vai criar um monstro ainda maior. Salvo engano, o Brasil é o único país do mundo que utiliza o “come-cotas”, um mecanismo de tributar ganhos de capital ANTES de eles acontecerem. É uma aberração e nosso ilustre ministro quer estendê-la para fundos fechados e offshores. Como acreditar que uma administração que aumenta o escopo daquilo que está errado vai criar um sistema tributário mais coeso, justo e capaz de impulsionar crescimento?

(Nota: O come-cotas é uma atrocidade, é o equivalente a um enriquecimento ilícito do estado às expensas de todo o público investidor, e não só dos super-ricos.)

Isso tudo com a nossa singular insegurança jurídica powered by STF. Não é à toa que várias empresas têm deixado o país – Makro é um exemplo recente – e outras já anunciaram planos de fazê-lo.

Não tem jeito – mais imposto significa estado maior e iniciativa privada menor. O resultado é um êxodo de empreendedores e de profissionais capacitados. E o endgame é um PIB potencial menor, renda per capita achatada e um distanciamento do bem-estar coletivo – quase tão certo quanto a lei da gravidade. Nem o STF pode mudar essa realidade com suas manobras olímpica, tampouco os tuítes raivosos de Gleise ou as viagens de Lula.

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Jeff Bezos, o bilionário fundador da Amazon, está de mudança para Miami. É mais um super-rico que a Flórida atraiu nos últimos tempos – Bezos deixa Seattle e se junta a uma horda de empresários nova-iorquinos que mudaram sua residência para o sunshine state.

Sim, a Flórida tem clima mais agradável, belas praias, ótimos campos de golfe. Mas qualquer reles bilionário pode pegar seu avião particular e voar para sua mansão beira-mar em Boca Raton quando der na telha. Então por que a necessidade de se mudar para lá?

Há duas certezas na vida: morte e impostos, segundo Benjamin Franklin. Até onde se sabe, os residentes da Flórida não têm vida eterna e, portanto, a resposta que sobra é: impostos. A Flórida extinguiu tributação estadual sobre ganhos de capital e, com isso, atraiu muita gente.

Como os gringos são trouxas! Estão acabando com tributação de ganho de capital, tolinhos. Nós aqui tributamos os ganhos de capital ANTES de eles acontecerem, somos muito mais espertos! Danem-se que os super-ricos vão se mudar daqui, vão contratar lá fora, nossa base tributável vai decrescer e ficará ainda mais caro visitar a Flórida nas férias.

Apostar na agenda de Haddad é equivalente a comprar ações numa start-up criada pelo PT ao invés de investir com Jeff Bezos, Ken Griffin ou David Tepper, todos atualmente residentes da Flórida. Pode dar certo, mas haja incêndio para apagar no meio do caminho!

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Se Amazon e Bezos são sinônimos de inovação, sucesso e geração de riqueza, o início deste artigo está incorreto. Não vai demorar, já é uma realidade: a Amazônia definitivamente não é aqui.

 

(P.S. Dica para o ministro – O único sistema tributário que elimina assimetrias na taxação de investimentos é o look-through empregado pelos EUA. Vale a pena estudar.)


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