(Por: Mariano Andrade)
As linhas
cantadas pelo vozeirão de Tina Turner na trilha sonora de Mad Max são
inesquecíveis:
Out
of the ruins
Out from the wreckage
Can’t make the same mistake this time
Out from the wreckage
Can’t make the same mistake this time
(…)
We
don’t need another hero
(…)
Parecem ter
sido escritas sob medida para o Brasil de hoje, um país saindo dos escombros da
era PT e sem margem para cometer qualquer erro (que dirá os mesmos erros de antes).
Enfim, não precisamos de outro herói. Não queremos um salvador-da-pátria, e sim
um estado sério, eficiente e barato.
All we want is life beyond the Thunderdome.
No filme, o
Thunderdome era uma arena que sediava lutas armadas. Assim como na canção: sim,
queremos viver além do Thunderdome. Queremos um Brasil sem “nós-contra-eles”,
sem lutas sociais por pura ideologia, sem maniqueísmos - enfim, um país pacífico sob o império da lei para todos.
**
Também não
precisamos de um novo Hiroo.
Hiroo Onoda
foi o último (ou um dos últimos, segundo algumas fontes) soldado japonês a se render
na Segunda Guerra Mundial, aceitando a derrota cerca de 30 anos depois do término do
conflito.
Hiroo ficou
emboscado em uma ilha filipina e não depôs suas armas mesmo depois de ter
notícias de que a guerra havia terminado e que o exército japonês havia se
rendido. Hiroo não aceitava entregar-se, julgava necessário cumprir as ordens recebidas de seu superior até ser propriamente dispensado deste
dever.
Por anos,
viveu isolado, alimentando-se primordialmente de frutas. Ocasionalmente recorria
a técnicas de guerrilha para conter a polícia local. Durante sua resistência,
matou alguns filipinos.
Quando
Hiroo finalmente rendeu-se, foi recebido com honrarias no Japão. Mas,
decepcionado com a modernização do país, imigrou para – que dúvida... – o Brasil.
**
As
ocupações de escolas em curso no Brasil são exatamente o Hiroo de que o país
não precisa. São peões que tentam demarcar território numa guerra perdida. A
esquerda perdeu nas urnas em 2016 de forma acachapante, saiu derrotada, humilhada e, possivelmente,
moribunda.
Mas a massa
de manobra, os “estudantes”, são o Mad Max moderno. Abarrotados e buscando
fazer justiça por conta própria, tal qual o personagem. E, assim como Hiroo,
matando inocentes durante o processo se for necessário.
Os
ocupantes têm como principal bandeira o protesto ao “golpe” de Temer, às eventuais mudanças no ensino médio e à PEC
241. Mas, como amplamente veiculado em vídeos na internet, nem sabem articular
de forma minimamente decente o que reza a PEC 241. Apenas cumprem as ordens de “professores” e facções políticas, seus "superiores" – igualzinho a Hiroo, que fazia questão de
obedecer ao seu comandante, embora não houvesse mais qualquer propósito em
fazê-lo...
Hiroo, ao menos, tinha motivo: seguia cegamente a cadeia militar de comando. Mad Max teve sua família assassinada pelos bandidos. Já os ocupantes, felizes matriculados
em um sistema de educação pública deficitário em número de vagas, não têm motivo
aceitável para protestar com a desproporção observada. No processo de ocupação,
ainda impedem os outros jovens de seguirem adiante com suas vidas letivas,
entendendo que seu “direito” é superior ao de outrem. Diferentemente de Hiroo,
não terão honras em sua rendição – no máximo uma candidatura pelo PSOL daqui a
alguns anos.
We don’t need another
hero. Lula já nos mostrou
que heróis não funcionam. We don’t need
another Hiroo. Precisamos de ordem e progresso.
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