Haddad nauseam

 

(Por: Mariano Andrade)


"Stupidity and human incompetence are the great evils, not ambition and glory." (Robert Greene)


Ad nauseam é um termo em latim que, traduzido ao pé-da-letra, quer dizer “até causar náuseas”. É comumente usado quando queremos descrever algo que é repetido à exaustão, como por exemplo uma argumentação que repete sempre o mesmo ponto.


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A nomeação de Fernando Haddad para o ministério da fazenda é uma piada de mau gosto em uma área que merecia o mínimo de seriedade do presidente eleito, mesmo sendo ele do calão que é. Na carência de novas figuras que não tenham sido manchadas pela lava-jato – o que, agora, deixou de ser importante, já que as altas cortes pacificaram que o crime compensa no Brasil – há alguns anos o PT “inventou” Fernando Haddad para cargos executivos. Ele conseguiu se eleger prefeito de São Paulo em 2012 e sua gestão foi esmagadoramente reprovada nas urnas – quando concorreu à reeleição em 2016, não venceu em nenhuma zona eleitoral e obteve menos votos do que brancos e nulos. Perdeu no primeiro turno.

Não obstante, o PT lançou Haddad para a presidência em 2018. Ele perdeu no 1º e 2º turnos, inclusive na cidade e no estado de São Paulo. Em 2022, perdeu a eleição para o governo de São Paulo, também em dois turnos. Ou seja, quem conhece na prática a “capacidade” executiva de Haddad já o rejeitou cinco vezes.

Mas o PT insiste ad nauseam. O objetivo é tornar Haddad um protagonista custe o que custar, pouco importa que seja um inepto na avaliação do eleitorado – ele já foi escolhido como o novo poste. Haddad é o candidato “call center”: as operadoras de celular nos importunam com ligações oferecendo pacotes promocionais para a migração, e tornam a chamar mesmo com repetidas negativas do cliente. O PT é igualzinho, tenta empurrar Haddad goela abaixo de qualquer jeito, mesmo já tendo recebido sonoros “nãos”. Mas, se não vai nas urnas, vai por nomeação.

Derrotado nas urnas (de novo), Haddad foi cotado para as pastas da educação, do planejamento e da fazenda, além de outros cargos no governo Lula 3. Parece até que é alguém bem-sucedido em diferentes setores da economia, seja como empresário ou executivo, alguém que seja um curinga, um líder transformador. Mas não – Haddad teve uma passagem inexpressiva pelo setor privado, nunca gerou riqueza ou produziu alguma coisa. Mesmo assim, dentro da irresponsabilidade petista (leia-se projeto de poder, criação de sucessor, etc), Haddad é considerado para atuar em diversos setores. Pensando bem, faz sentido: o resultado seria ruim em qualquer área.

Mas o mistério acabou – Haddad será ministro da fazenda. Curioso alguém que afirma não entender nada de economia (e que admite ter colado para passar nas matérias) ocupar um posto na área. E pior, num momento crucial, em que a economia brasileira tem pouca margem para erro. As “ideias” econômicas de Haddad são idiotices estapafúrdias como moeda do Mercosul ou o sucesso da economia soviética. A única chance de dar certo será mesmo colando de alguém.

Haddad finalmente assumirá o protagonismo almejado pelo PT, mas o resultado virá com sinal negativo.

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O eleitorado brasileiro conseguiu a proeza de eleger Lula, um condenado por corrupção. Lula, por seu turno, realizará a façanha de nomear o pior ministério da História do Brasil. Dentre os nomes já anunciados não há um empresário sequer, não há ninguém que tenha tido sucesso trabalhando no setor privado. É a turma que se encostou no estado a vida toda (ou boa parte dela) e acha que dá para pilotar por controle remoto. É gente que, nunca tendo tomado riscos, nunca tendo vivido sucessos e fracassos (afinal, o fracasso muitas vezes é um insumo para um futuro sucesso) vilipendia a ambição e a glória.

Flavio Dino é um bom exemplo. Foi presidente da Embratur e duas vezes governador do Maranhão. Não conseguiu alavancar o turismo no estado, apesar de a região contar com os Lençóis Maranhenses, um lugar de beleza única, além de diversos outros atrativos. Pelo contrário, o lindo casario histórico de São Luís deteriorou-se a olhos vistos, não se criou nenhuma infraestrutura para o turismo no estado e tampouco treinou-se a juventude maranhense. Como governador, foi incapaz de estimular a produção de riqueza no estado, acreditando que “o papel do governante é combater a desigualdade”. É incapaz de entender que crescimento econômico é o melhor motor para diminuir a desigualdade. A “Dinostia” do nosso futuro ministro da Justiça manteve o Maranhão como o estado de menor PIB per capita do Brasil – talvez o objetivo tenha sido acabar com a desigualdade jogando todo mundo no mesmo nível de miséria.

Outro exemplo é Mercadante. Jamais produziu riqueza, é o eterno estudante e participante de diretórios estudantis. Não conhece como funciona a vida real, como a economia produz, cresce e emprega. Fez doutorado em economia na Unicamp, mesma escola que “preparou” Dilma Rousseff, responsável pela maior recessão da história do Brasil.

Acreditar que o governo Lula 3 com ministros tão desqualificados poderá ser bem-sucedido é uma tolice tão grande quanto acreditar que os reservas do Olaria, e escolhendo justamente aqueles que nunca entraram em um jogo oficial, podem vencer o Real Madrid. Gestão é sobre as pessoas, capacidade e experiência, e os escolhidos de Lula são absolutamente abaixo da crítica.

Lula 3 dá sinais de que será um governo pautado pelas crenças mais esdrúxulas e que nunca funcionaram em lugar algum. Do tipo: vamos combater a desigualdade dobrando o imposto sobre herança. O que acontecerá na prática: êxodo de famílias ricas, fuga de capitais, menor incentivo para crescimento empresarial e acúmulo de riqueza, o que vai gerar mais pobreza e desigualdade. Ou, então: vamos descriminalizar pequenos delitos para haver mais igualdade. Na prática: lojas fechando, imóveis desocupados, pessoas demitidas e, no fim da linha, mais miséria e fome.

Lula compra para si um risco desnecessário: Haddad inspira zero confiança do mercado, ao contrário, é quase certeza de que o prêmio de risco para ativos brasileiros subirá rapidamente logo que ele pegar o manche. Com juros altos persistentes e talvez ascendentes, inflação alta, dólar pressionado e fiscal destruído, a chance de Lula perder o apoio da opinião pública é bem alto – “it’s the economy, stupid”, diz a máxima. Sabemos o que acontece no Brasil com presidentes que perdem sustentação da opinião pública. Já aconteceu ad nauseam.

Tudo é muito diferente de Lula 1, onde a equipe contava com diversas pessoas de sucesso no mundo real (e havia um vento externo muito favorável). Deve estar difícil arrumar gente boa disposta a aparecer na foto com um condenado, ou então Lula "fez o diabo" para se eleger, deve a alma a muitos caciques e precisa encaixar todos os nomes que os chefes mandam.

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Tomara que o PT coloque alguém competente ao lado de Haddad para ele poder colar. Ou não... Haddad talvez seja o melhor atalho para que esse capítulo triste da nossa História se encerre logo.


Comments

  1. Olá, Mariano. Tudo bem?

    Como faço para receber atualizações do seu blog, pode me orientar a respeito?

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    1. Oi, Marcelo. Infelizmente acho q o Google não abriu a função "seguir" no meu blog. Obrigado pelo interesse. Na home vc consegue navegar em todos os textos passados. Abs

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