Woke'n Roll

(Por: Mariano Andrade)


A mentalidade woke vem poluindo diversas agendas importantes com enormes custos econômicos e sociais. A necessidade de categorizar pessoas, organizações e governos como “opressores” ou “oprimidos” leva a um debate em nível baixíssimo, com argumentação digna de 4º ano do ensino fundamental.

Tudo que se opõe a esse tipo de maniqueísmo, mesmo sem tomar partido e apenas criticando a ditadura das minorias, vira “extrema direita”. E, dessa forma, o mundo emburrece a passos largos. O cartoon abaixo resume bem o tema.


Na música, não é diferente. Nos dias de hoje, opinião política e orientação sexual podem facilmente substituir o talento. Resultado: bizarrices sem qualquer valor artístico sendo lançadas ao estrelato.

E os clássicos do rock sob a lente woke? O que dizer deles?

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O rock’n roll é insensível e não enxerga a função social do crime.  

O narrador de Bohemian Rhapsody vai para a cadeia depois de ter matado um homem. Apesar de ser “just a poor boy from a poor family”, ele não é “poupado da monstruosidade” da prisão. Em 18 And Life, Ricky era um garoto pobre que dizia que “accidents will happen” – por conta de um acidente, ele matou um jovem e – aos 18 anos – pega prisão perpétua. Hoje em dia, o “18” seria apenas a quantidade de minutos da audiência de custódia, com direito a café e regulagem da temperatura do ar-condicionado até Ricky ser solto.

O Rush é mais explícito e pede para guardar os maus elementos atrás das grades – “I don’t wanna face the killer instinct (...) so we keep it under lock and key”. Como o Canadá mudou para pior desde então...

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Muitos dos clássicos do rock são racistas e não hesitam em usar termos absurdos, do calão de "caixa preta" ou "buraco negro".

Em Fade To Black, o Metallica retrata alguém que perdeu o apreço pela sua vida. Por que “black”? Já o Deep Purple em Black Night afirma que “Black night is not right, I don’t feel so bright”.

Back In Black é uma referência ao luto pela morte de Bon Scott. Por que o luto tem que ser preto?

Nem Rita Lee escaparia, apesar de suas críticas a Bolsonaro – Ovelha Negra? Por que a pessoa que não se “encaixa” é ovelha negra e não ovelha cinza, verde ou azul?

O que dizer de Black Dog? Racismo gratuito, pois a letra da canção nem repete essas palavras. E Fear Of The Dark? Por que o Iron Maiden tem medo do escuro?

Fica uma pergunta difícil: Qual banda de homens brancos tem o nome racista, Black Sabbath ou Whitesnake? Deu nó... os wokes vão ficar "dazed and confused".

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Há ainda os stalkers.

"Every move you make, every step you take, I’ll be watching you”. Mega stalker, Sir Sting, que vergonha. E, na mesma música, ainda ouvimos “oh can’t you see, you belong to me”. Possessivo e opressor. Só chamando a polícia mesmo.

Em Jesse’s Girl, o narrador fica à espreita observando os namorados. “And she’s watching him with those eyes, and she’s lovin’ him with that body”. Voyeurismo ofensivo.

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Vários temas do rock’n roll usam termos sabidamente opressores.

A clássica Smoke On The Water fala sobre “some stupid with a flare gun burned the place to the ground”. Por que é necessário chamar o cidadão de estúpido? Meu Deus, ele apenas ateou fogo a um prédio com um sinalizador. Quanta intolerância.

O mesmo Ian Gillan, desta vez em Trashed do Black Sabbath, detona “I was laughing, the bitch was trashed”. Termos depreciativo e misógino. Hoje em dia, usá-lo é mais perigoso do que um acidente de carro em alta velocidade como aquele retratado na canção.

Crest Of a Wave do saudoso Rory Gallagher manda “or do you feel like you’re standing on a wooden leg, or a poor man much too proud to beg”. Esculacha os deficientes e as pessoas pobres em apenas dois versos. Absurdo.

Por falar em pobreza, o rock’n roll clássico promove uma meritocracia opressora e detestável.

Em We Are The Champions encontramos mais uma vez o Queen ofendendo os wokes mundo afora: “no time for losers, 'cause we are the champions”. Que falta de compaixão.

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Algumas canções seriam homofóbicas?

Simple Man do Lynyrd Skynyrd é sobre uma mãe dando conselhos a seu único filho – “then find a woman and you’ll find love”. Por que precisa ser uma mulher? Não pode ser uma pessoa com vagina? Ou uma pessoa com pênis?

Outras músicas certamente são racistas.

Money For Nothing nem disfarça: o percursionista do clip na MTV está “bangin' on the bongos like a chimpanzee”. Bem em linha com nosso Lula, segundo o qual todo afrodescendente gosta de um batuque.

E o etarismo?

O Queen, mais uma vez, descasca em We Will Rock You: “buddy you’re an old man (...) somebody better put you back into your place”

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Mas, no fim das contas, o Queen – que tanto oprimiu em diversas canções – conseguiu resumir bem as aspirações do mundo woke (leia-se: só direitos, nenhum dever):

I want it all

I want it all

I want it all

And I want it now.

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