O fantasma do comunismo



(Por: Mariano Andrade)

Sou de 1971. 

Lembro as atrocidades cometidas na Guerra do Vietnã: o desfolhador laranja, as táticas de guerrilha e os milhares de jovens americanos sem qualquer treinamento sendo enviados para a morte certa em solo estrangeiro. Vi que uma guerra sangrenta pode começar quando países mais fortes e opressores querem – a todo custo – impor o seu modelo econômico em um país estrangeiro estrategicamente posicionado. Vi também quão longo é o caminho da reconstrução de uma nação arrasada pelo conflito e como é enorme o sofrimento do povo e de famílias partidas ao meio.

Emocionante, não?

Ocorre que a Guerra do Vietnã terminou em 1975 ou, numa métrica mais realista, em 1973 com assinatura do acordo de paz. Portanto, não há como eu lembrar nem dos detalhes do conflito e muito menos dos eventos que o antecederam. Eu era apenas um bebê quando a guerra acabou!

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No debate de ontem na TV Globo, Guilherme Boulos, candidato do PSOL à presidência, protagonizou um discurso “emocionado”, chegou até a forçar choro, para associar uma eventual vitória de Bolsonaro à volta da ditadura. Boulos disse que nasceu durante o regime militar e que sabe que ditaduras começam quando alguns tentam resolver as coisas “na porrada”.

Pelo que consta oficialmente, Boulos nasceu em junho de 1982, já no governo Figueiredo, o último do regime militar. Figueiredo deixou o posto em março de 1985, quando Boulos nem havia completado 3 anos de idade. Portanto, como pode ele saber "na pele" sobre os antecedentes do regime militar brasileiro? O pior é soar como alguém que exala sabedoria sobre o assunto e que está, imparcial e altruisticamente, avisando seu povo sobre o perigo que ronda. O inferno está cheio de boas intenções, Boulos. 

Será que Boulos é um viajante do tempo? Ou quem sabe um fantasma do comunismo que assombra nações ignorantes e massas de manobra com ideias anacrônicas? Tudo é possível, mas provavelmente trata-se apenas de mais um esquerdista hipócrita.

O que Boulos não mencionou em sua performance é que o seu MTST, esse sim, tenta resolver os assuntos “na porrada”. Se uma imagem vale mais do que mil palavras, basta a foto abaixo para que eu me cale sobre o assunto.


O PSOL é o partido que distorce a realidade ao seu bel prazer. O PSOL diz abominar a tortura, mas é mestre em torturar os fatos e os dados até que eles confessem. Basta usar um punhado de neurônios para concluir que o PSOL tem duas caras e nenhuma credibilidade. Duvida? É só pesquisar aqui.

Em linha com a cartilha e o modus operandi psolistas, Boulos afirmar que Bolsonaro quer resolver tudo “na porrada” é leviano e inoportuno. Inoportuno pois Bolsonaro levou uma facada e não houve qualquer reação violenta nem de seus apoiadores e tampouco de setores militares. Leviano pelo fato de Bolsonaro pregar justamente que a segurança pública seja enaltecida e, portanto, que “porradeiros” sofram as devidas sanções.

Ordem pública não é ditadura, Boulos.

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Se Boulos tem meios de viajar no tempo, poderia voltar à China de Mao Tsé-Tung e observar que ele foi o maior genocida do século XX, com mais de 60 milhões de exterminações (chegando a 100 milhões de acordo com certas fontes). Ou visitar o Camboja de Pol Pot, facínora que matou 25% da população de seu país e legou ao mundo um sem-número de covas coletivas e campos minados. Poderia constatar que Fidel Castro assassinou diversos gays no paredão, com Che Guevara comandando as ações e admitindo no plenário da ONU que Cuba, de fato, fuzilava os inimigos do regime. Isso que é tolerância! O resto é "ódio"...

Boulos poderia voltar a 1982, ano em que eu estava entrando na adolescência. Ele verificaria que os jovens tinham liberdade para ir e vir, as ruas eram seguras, havia emprego e crescimento. Ele se surpreenderia com o fato de que já havia professores com ideias à esquerda lecionando tranquilamente nas escolas, de que havia ampla oferta de shows de música e peças teatrais, e de que “perseguidos” pela ditadura (Chico, Caetano, e outros fanfarrões) levavam uma vida normal. Ah, e as famílias podiam viajar para o exterior quando bem entendessem – chocante, não?

Caso aterrissasse em 1983 ou 1984, Boulos poderia participar do movimento “Diretas Já”. Aí sua cabeça daria um nó: como explicar que uma ditadura tão demoníaca permitiu um movimento popular daquela magnitude sem que ninguém fosse fuzilado? Fidel, Guevara, Chávez, Mao e companhia deviam considerar nossos militares uns verdadeiros frouxos e amadores.

Se não dispuser de uma máquina do tempo ou de habilidades fantasmagóricas, resta a Boulos estudar um pouco de História e endireitar (com trocadilho) seu modo de fazer política. Ou, então, tentar virar ator global, e aí não precisa estudar nada – bastar-lhe-ia apenas uma técnica mais eficaz de chorar artificialmente.



(P.S. Será que Boulos lembra do timaço do Brasil em 1982 ?)

(P.S. 2 – É óbvio que o governo Figueiredo foi um dos mais brandos do regime militar, até porque os militares já queriam deixar o poder e encerrar o ciclo... em outras palavras, largar o osso: coisa que governos de esquerda não costumam fazer pacificamente. O objetivo do artigo, no entanto, é apenas expor a facilidade com que os políticos de esquerda distorcem a realidade. E, nesse caso, a idade entrega Boulos e seu discurso falso e ensaiado.)

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