CONVIG-21

 (Por: Mariano Andrade)


O novo coronavírus talvez nunca seja erradicado. É um vírus que se espalha rapidamente, com período longo de contágio e cuja letalidade é relativamente baixa, exatamente a combinação que torna sua erradicação (ou a contenção de surtos) mais difícil. A vacinação pode ajudar a conter os sintomas e o espalhamento do vírus, mas talvez a humanidade precise viver com alguns (ou muitos) ciclos do vírus.

**

Pior que a COVID-19 é a CONVIG-21. Isto é, a CONVIVÊNCIA IGNORANTE que se instalou de vez em 2021 no Brasil. Também há dúvidas sobre se será erradicada algum dia, mas sabe-se que seus impactos serão nefastos.

A começar pela imprensa. A grande mídia se esforça para pintar o Brasil como show de horrores e responsabilizar o governo atual por todas as deficiências da saúde. Claro que o governo tomou decisões erradas, assim como governadores, prefeitos, STF e outros; mas se a equipe de Bolsonaro tivesse sido capaz de consertar a saúde no Brasil em apenas um ano e dois meses de governo – antes de a pandemia chegar aqui – aí sim ele faria jus à alcunha de “mito”.

Vale exercitar um pouco a memória dos “jornalistas” com algumas frases. “A saúde no Brasil não está muito longe da perfeição”. Bolsonaro? Não, Lula. “Médico é que nem sal, é branco, barato e tem em todo lugar”. Bolsonaro? Negativo, Ciro Gomes. E por aí vai. A lição é a seguinte: a maioria dos políticos não está nem aí para sua saúde, leitor. Então, polarizar o debate no país em benefício destas figuras lamentáveis é ignorância. É CONVIG-21. Fuja dessa doença!

Também convém olhar a experiência internacional para contextualizar o Brasil. A própria palavra “pandemia” denota uma situação fora de controle, tanto é que vários outros países têm enfrentado dificuldades, como mostram as manchetes abaixo. Portanto, querer soluções imediatas ou mirabolantes ao invés de debater construtivamente é sintoma de CONVIG-21. Procure tratamento! 




Ernest Shackleton conseguiu, em 1915 e 1916, salvar toda sua tripulação depois de seu navio Endurance encalhar no gelo e afundar. Enfrentou intempéries e riscos terríveis por meses a fio em diversos acampamentos. Depois, navegou 1300 quilômetros em mar revolto em uma baleeira, com tripulação cansada e equipada apenas com mapas e astrolábios. Depois de chegar à civilização na Geórgia do Sul, voltou para resgatar o restante de seu time, há meses estacionado na hostil Ilha Elefante. Shackleton empreendeu uma façanha histórica fazendo uso de um princípio-mestre: manter elevada a moral de todos. A grande imprensa, com seu noticiário mórbido e seu placar diário de COVID-19 faz justamente o oposto, mina o estado moral do brasileiro e dissemina a CONVIG-21. Imaginem se a Rede Globo transmitisse para o rádio do Endurance o noticiário sobre o prognóstico daqueles homens? 

**

O que dizer do governo federal? Uma decepção total que ficou patente na gestão de crise. Bolsonaro só passou a levar o assunto a sério quando Lula tornou-se elegível, mostrando ser mais um que é capaz de não ligar a mínima para o bem-estar dos seus (oops, ato falho – preza bastante por seu clã). Nosso presidente teve uma reviravolta lamentável e covarde, não pode ser tachado de genocida (como explica este artigo) mas é foi um tosco inútil nessa condução. Então, se você defende Bolsonaro ferrenhamente e o proclama “mito”, você sofre de CONVIG-21.

Ainda no campo do governo, o discurso patético de Ônyx Lorenzoni parece ficção. Dizer que o lockdown não funciona por conta de ratos, passarinhos e cães de rua é uma imbecilidade total. É acreditar que todos os brasileiros são ignorantes de nascença ou que já foram acometidos por cepa fatal de CONVIG-21. O ministro deveria ter o mínimo de vergonha e se desculpar perante a nação. Conseguiu ser mais ridículo do que Bolsonaro dizendo que os vacinados virariam jacarés. O governo tornou-se um zoológico.

**

E a oposição? Ser liderada por um recém ex-condenado que havia cravado “ainda bem que a natureza criou o coronavírus” já seria o suficiente para descredenciá-la. Mas a CONVIG-21 está tomando conta de nossa gente e ainda há aqueles que celebram Lula.

Preconizar que todo e qualquer tratamento precisa de comprovação científica é tão patético quanto discursar sobre passarinhos. Essa linha de argumentação torna-se cientificamente (com trocadilho) esquizofrênica quando enaltece vacinas, vez que a primeira vacina criada pelo homem (varíola) foi decorrência de observação empírica. Portanto, Freixo, Boulos e artistas em geral são levianos (ou ignorantes) ao se intrometerem no assunto e poluírem o debate. A CONVIG-21 faz o brasileiro esquecer que ciência também é feita com observação empírica.

E se o governo tivesse adquirido dezenas de milhões de doses da vacina em agosto de 2020, quando o vírus parecia sob controle no Brasil? A oposição teria criticado o gasto “desnecessário”? Ou esperaria para ver se não haveria uma segunda onda antes de mobilizar o TCU? A CONVIG-21 torna qualquer gestão pública impraticável, o país terá que ser governado por referendos e plebiscitos caso a ignorância não seja contida a tempo.

**

A CONVIG-21 traz ao protagonismo figuras que, numa sociedade funcional, não teriam nenhuma relevância ou destaque. Maju Coutinho é um exemplo. Ao debochar (“o choro é livre”) de pessoas que precisam trabalhar para colocar comida na mesa de suas famílias e que são duramente afetadas pelo lockdown, Maju vira notícia. Ela ainda tem a cara-de-pau de dizer que o lockdown é “defendido por especialistas” sem citar quais são eles e sabendo que isso não é verdade – a maioria dos estudos sérios mostra que o lockdown não é eficaz. Há estudos comparando países e outros analisando diferentes estados norte-americanos (o que torna o resultado mais robusto, eliminando discrepância de renda, civilidade, etc), e a conclusão irrefutável é que lockdowns têm impacto nulo ou estatisticamente irrelevante em conter o contágio, mas efeito devastador na economia e no emprego. Maju, segue uma imagem para você voltar pro seu cantinho e pensar melhor antes de falar bobagem – ainda bem que o “choro é livre”, senão não restaria nada ao pobre pipoqueiro.


Maju, saiba que a CONVIG-21 potencializa a covardia e a presunção da culpa. O poder público passa a punir donos de restaurantes, ambulantes, garçons, pipoqueiros e tantos outros profissionais para evitar a formação de aglomeração que seria praticada por uma minoria de estabelecimentos. É resolver o problema penalizando quem respeita a lei. É uma covardia, Maju, e você já está com este sintoma, afinal seu salário (ou seria você uma PJ?) está caindo na conta todo mês, não é? 

Freixo e Felipe Neto são outros lamentáveis protagonistas da CONVIG-21. Tuítam incessantemente clamando que sair às ruas é genocídio e angariam um gado cada vez maior. Esses mesmos Freixo e Neto foram flagrados fora de suas casas e sem máscara, mostrando que pregam o “faça-o-que-eu-falo-não-o-que-eu-faço”. Em resumo, querem simplesmente lucrar com sua ideologia e em qualquer sociedade esclarecida seriam relegados ao ostracismo, mas a CONVIG-21 polui a mente das pessoas e lhes tira o bom senso, para o benefício de gente hipócrita.

Camila Pitanga é outra inútil que ganhou destaque ao ser o único caso de “malária” no Rio de Janeiro em décadas. Também sofre de CONVIG-21, mas medicou-se com o kit de tratamento preventivo de COVID-19. Curou esta, mas não aquela (e continua espalhando a doença por aí). Sua "opinião" não serve para nada.

**

Mas o pior disso tudo é transmitir a CONVIG-21 para nossos jovens e crianças. Com colégios fechados “em prol da vida” (leia-se: para os professores preguiçosos não trabalharem), nossa juventude é acometida por distúrbios psicossociais que podem se tornar crônicos. E ninguém no comando está nem aí para a recomendações dos cientistas – estes majoritariamente favoráveis a escolas abertas 100% do tempo.

Há estudos (científicos, pasmem) que comprovam que escolas funcionando não agravam curvas de transmissão da COVID-19 e que o contágio em ambiente escolar é quase nulo, respeitadas as regras sanitárias. Até a OMS, a ex-bastiã da preservação à vida, recomenda que a educação não pare. Mas, em terra de CONVIG-21, os professores e seus deploráveis sindicatos tacham de genocida quem defende escolas abertas. Inversão de valores é de fato uma das piores manifestações da CONVIG-21.

Escolas fechadas só aumentam desigualdade, miséria, doenças e desgraça. O poder público é covarde e omisso ao não obrigar escolas públicas e particulares a funcionarem com 100% de aulas presenciais para os alunos e famílias que assim optarem. Jogar o custo da pandemia nas crianças e jovens é um crime.

**

A CONVIG-21 isenta as pessoas de darem sugestões e de debaterem soluções e alternativas. É o que se chama de dissonância pós-decisória: o indivíduo toma um lado do problema e, independentemente de qualquer informação ou dado posterior, recusa-se a repensar seu posicionamento. Keynes nos ensinou que este é o caminho para o fracasso, sua célebre pergunta “When the facts change, I change my mind – What do you do, sir?” teria hoje uma única resposta dos doentes de CONVIG-21: “Nothing!”, são os “perdidos com convicção”, que aceleram o carro para recuperar o tempo perdido.

Numa pandemia (de novo, algo incontrolável), seria imperativo haver debate e ponderação sobre mudanças de rumo à medida que se conhece mais sobre o problema. A CONVIG-21 impede tudo isso.

Boris Johnson voltou atrás e implementou um plano de vacinação. Angela Merkel, antes defensora de lockdowns, admitiu que a medida é inócua. O mundo desenvolvido consegue demonstrar algum enfrentamento à CONVIG-21, mas o Brasil não. Na verdade, o Brasil apresenta agravamento dos sintomas ano após ano.

**

Gabriel O Pensador postou um vídeo nas redes sociais que merece ser visto. Destoa da comunidade artística ao pregar o diálogo e o debate. Gabriel faz jus ao aposto de seu nome artístico e tece um fio de esperança nas lutas contra a COVID-19 e a CONVIG-21.

https://www.instagram.com/tv/CMxEpBjBKL7/?utm_source=ig_embed


Comments